Se “por trás de um grande homem, há sempre uma grande mulher”, no caso de “Estrelas além do tempo” podemos acrescentar que “por trás de um grande acontecimento, há o trabalho árduo (e nem sempre reconhecido) de grandes mulheres”.
Ambientado em plena Guerra Fria, os Estados Unidos e a União Soviética disputam a supremacia na corrida espacial ao mesmo tempo em que a sociedade norte-americana lida com uma profunda cisão racial, entre brancos e negros. Tal situação é refletida também na NASA, onde um grupo de funcionárias negras é obrigada a trabalhar à parte. É lá que estão Katherine Johnson (Taraji P. Henson), Dorothy Vaughn (Octavia Spencer) e Mary Jackson (Janelle Monáe), grandes amigas que, além de provar sua competência dia após dia, precisam lidar com o preconceito arraigado para que consigam ascender na hierarquia da NASA.
Inspirado em fatos reais, conhecemos a história da física, cientista espacial e matemática Katherine Goble, que trabalha na equipe comandada por Al Harrison (Kevin Costner), calculando as trajetórias, janelas de lançamento e caminhos de retorno de emergência para voos do Projeto Mercury, incluindo as primeiras missões da NASA de John Glenn (Glen Powell). Com exceção da secretária, Katherine é a única mulher na equipe e além de ser obrigada a usar um banheiro exclusivo para mulheres negras, que fica a mais de meia hora de distância de seu local de trabalho, ela também tem que lidar com o menosprezo de seus colegas, como Paul Stafford (Jim Parsons, o famoso Sheldon de The Big Bang Theory).
Já Dorothy Vaughn comandava um grupo de trabalho composto inteiramente de mulheres negras e matemáticas. Porém, com a demissão de sua superior, ela foi acumulando funções pois relutavam em promovê-la e em contratar alguém novo. Acompanhamos então uma mulher determinada e esperta tendo que obedecer pessoas como Vivian Michael (Kirsten Dunst), que não a enxerga como uma igual. Mais tarde, ela foi a primeira mulher negra a ser promovida chefe de departamento na NASA.
Mary Jackson, por sua vez, lutou na justiça pelo direito para participar de um programa especial e ser promovida a engenheira aeroespacial.
Essas três grandes mulheres batalharam muito para conquistar seu merecido espaço numa sociedade racista e machista, e se tornaram exemplos não só de sucesso, mas principalmente de perseverança.
Ainda bem que filmes como esse nos permitem conhecer a história de pessoas como elas. Ao final, fiquei com vontade de aplaudi-las de pé.
“Estrelas além do tempo” foi indicado ao Oscar em oito categorias, incluindo a de Melhor Filme, Melhor Atriz Coadjuvante e Melhor Roteiro Adaptado. Vale ressaltar a bela interpretação de Taraji e da cantora Janelle Monáe, que também atua em “Moonlight”. Ao meu ver, as duas se destacaram mais do que Octavia Spencer, que foi indicada. Mas e vocês, o que acharam?
O filme está em cartaz no Cinemaxx Mercado Estação, com sessão legendada às 16h. A classificação é livre.
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