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Colunas

[Pop Cabeça] A música da minha vida foi lançada em 2014

por Julian Probst

Nunca imaginei que uma música lançada em 2014 se tornaria a música da minha vida. Se algum dia, por algum motivo hipotético, houvesse um controle mundial de quantidade de megabytes por pessoa, ou caso fôssemos obrigados a morar em um outro planeta e só nos fosse autorizado levar uma única música em nosso pendrive interplanetário, é essa música que eu levaria. Antes de revelar o nome da minha canção favorita, gostaria de tentar falar sobre uma sensação que senti ao ouvir a música em questão e outras duas canções.

Não sei precisar quando senti essa “emoção” pela primeira vez, mas creio que tenha sido por volta de 1995. Na oportunidade, eu tinha 13 anos e adorava ouvir a galera pop dos anos 80, tais como Lulu Santos, Lobão, Paralamas, Engenheiros do Hawaii, entre outros. Meu pai tinha uma coleção generosa de vinis, e eu passava horas e horas ao som daquelas saudosas bolachas. Acontece que meu velho também dispunha de um CD player, com uns poucos CDs recém-adquiridos, mas, como eu era adepto do vinil, dava pouca atenção aos compact discs. Até que, quebrando essa barreira imaginária, comecei a ouvir uma coletânea em CD com sucessos do Lulu, vindo a me encantar definitivamente com “Tudo com você”. Foi amor à primeira “ouvida”.

Talvez possa soar meio exagerado, mas é como se eu tivesse nascido de novo ao ouvir aquelas guitarras tão características do mestre do pop brasileiro. É como se a vida tivesse ganhado um novo sentido. Mas, um garoto de 13 anos lá entende de sentimento? Ok, ok.

Nove anos mais tarde, em 2004, já com 22 anos, senti essa sensação novamente. A questão é que, naquele instante, eu não me lembrei da emoção anterior, só compreendendo isso tudo no decorrer deste artigo. Eu estava em um restaurante, que não me lembro o nome, mas ficava na parte de trás da tradicional lanchonete Fukas, aqui em Petrópolis. Naquele noite, se apresentava uma banda chamada “Tríade”.  Meu mundo mudou quando o vocalista cantou “All Star” de Nando Reis. Eu nunca tinha ouvido aquilo, mas o efeito da canção foi tão poderoso em mim, que aquele momento se tornou inesquecível. À época, o meu interesse pela música não se resumia mais apenas a caçar emoções em melodias e letras dos outros: fazia um ano que eu tocava violão e já começava a compor umas musiquinhas. Anos depois, vim a descobrir que a voz responsável por mudar a minha vida pela segunda vez era do querido Walter Junior, cantor e compositor petropolitano. Parece que “All Star” foi um impulso definitivo no meu interesse por música.

Quando eu já achava não ser mais possível sentir aquela onda boa de novo, eis que, em outubro de 2014, me deparei com o novo álbum do Maroon 5, chamado “V”. Sempre gosto de ouvir o disco inteiro, buscando pérolas que talvez não estejam nas mais tocadas. Apesar de eletrônico demais para o meu gosto, o CD todo é muito bom. Justamente por causa desse pensamento, acho que instintivamente procurei por algo mais orgânico, sendo fisgado pela última faixa do CD. Sem mais mistérios: a música que motivou todas essas palavras se chama “Lost Stars” (composta por Gregg Alexander, Danielle Brisebois, Nick Lashley, Nick Southwood). Adam Lavine, vocalista do Maroon 5, faz uma interpretação vigorosa, com vocais impressionantemente agudos nos versos finais. Para mim, trata-se de uma melodia que não pode ser descrita em palavras. Nunca mais parei de ouvir, acho que escuto umas cinco vezes por dia. Um mês depois de já estar fissurado pela música, tudo isso acabou sendo  amplificado após assistir o filme “Mesmo Se Nada Der Certo “ (Begin Again), que tem Keira Knightley, Mark Ruffalo e o próprio Adam Levine no elenco. No filme, “Lost Stars” figura em diversas versões: a original do CD do Maroon 5, uma versão remixada e uma cantada pela Keira. É louco o que causa a associação de uma historinha em vídeo ao que você já conhece em som.

Essa música resgatou aquela emoção de 95 e 2004, mas parece que transcendeu as experiências anteriores, prova inconteste de que pode haver qualidade em músicas novas. Além disso, talvez o meu entendimento de música tenha se modificado com o passar do tempo, sei lá. Apesar de ter sentido toda aquela magia com “Tudo com Você” e “All Star”, nenhuma delas era a minha favorita. Eu sempre achei que levaria “Um Certo Alguém” (Lulu Santos) no meu pendrive intergalático. Mas, parece que, hoje, os 10,4 mb (da versão em alta qualidade) da “Lost Stars” seguiriam comigo.

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