Petropolitano cria projeto para descontaminar a água e é reconhecido pela Universidade de Yale

Em 2015, Vitor Correia, então aluno na 2.ª série do Ensino Médio do Bom Jesus Canarinhos, procurou o professor de Química Frederico Simas porque queria desenvolver um projeto que descontaminasse a água, eliminando os elementos tóxicos. A partir daí, após algumas orientações, iniciaram as pesquisas e as investigações. Ainda nessa fase, ocorreu a tragédia de Mariana (MG), em novembro de 2015, fazendo com que a lama que se desprendeu da barragem de Fundão soterrasse boa parte da cidade, além de contaminar os rios. “Esse foi o gatilho que levou Vitor a criar o projeto ‘Obtenção de elemento filtrante de metais pesados à base de quitosana’”, explica Simas, orientador do projeto.

A contaminação da água por metais pesados, um problema que assola o país, foi o tema escolhido por afinidade. O professor sugeriu ao aluno buscar algo natural que pudesse filtrar e, assim, limpar a água. As pesquisas tiveram início em agosto de 2015, buscando relevância e elementos para justificar a pesquisa. Nesse meio-tempo, houve a tragédia de Mariana, o que alavancou a ideia, fazendo com que o aluno encontrasse um problema real e pontual. A substância principal, a quitosana, surgiu a partir da ideia de uma amiga. O elemento é derivado da quitina, que é encontrada na casca de crustáceos, como o camarão, matéria-prima abundante no país. A quitosana é capaz de efetuar essa eliminação, de maneira natural, atuando como filtro. Investigações apontaram o ineditismo do projeto e as fases qualitativas se iniciaram. À substância principal juntaram-se o carvão ativado, elemento já utilizado em filtros domésticos e importante na eliminação de microrganismos e matéria orgânica, e a areia, que já é usada em estações de tratamento de água e se uniu aos demais componentes com a função de resolver um problema de compactação, que ocorreu com a quitosana.

Assim que o projeto tomou corpo, começaram as pesquisas qualitativas, que comprovaram a eficácia da ideia. Após todas as etapas, o projeto de Vitor Correia, orientado por Simas, estava apto para participar da 1ª edição da Feira de Iniciação Científica do Ensino Médio do Bom Jesus (FICEM). “A qualidade do trabalho surpreendeu os avaliadores e, mesmo com a grande concorrência, pois concorrem alunos das mais de 30 unidades do Colégio, o aluno do Bom Jesus Canarinhos conquistou o 2º lugar geral”, lembra Adalberto Scortegagna, coordenador do Ficem. Em 2016, na 2.ª edição da Feira, o projeto, que já contava com um protótipo desenvolvido e a parte qualitativa finalizada, ficou com o 1° lugar, na categoria Ciências da Terra. O desempenho encorajou o aluno e o orientador a inscreverem o projeto em uma das principais feiras de iniciação científica do Ensino Médio do país, a Febrace, realizada pela Universidade de São Paulo (USP). O projeto “Obtenção de elemento filtrante de metais pesados à base de quitosana” foi um dos selecionados.

A Febrace ocorreu recentemente, no mês de março, em São Paulo (SP). A comissão julgadora ficou surpresa positivamente com o tema escolhido, com a maneira como foi desenvolvido, com a motivação que alavancou a ideia e com a forma como o projeto foi desempenhado. A desenvoltura dos envolvidos e a capacidade do projeto de iniciação conferiram ao aluno o 2º lugar em sua categoria, Ciências Exatas.

O ótimo desempenho também garantiu certificado e medalha da Universidade de Yale (EUA), com o título “Most Outstanding Exhibit in Computer Science Engineering, Physics or Chemistry”, além de credencial para participar do “MILSET Expo – Sciences International (ESI Mundi)”, que ocorrerá no mês de agosto, em Fortaleza (CE).

“O aluno tem a intenção de seguir com o projeto e, se as nossas expectativas se confirmarem, tenho certeza de que ele será ainda mais reconhecido”, conclui orgulhoso o professor.