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Série Brejal: Projeto Eco-Rural Caminhos do Brejal

 

Plantação da Pousada Provence. / Foto: Aline Rickly

O “Circuito Eco-Rural Caminhos do Brejal” foi criado em 2002 pela Prefeitura de Petrópolis e por um grupo de moradores do local. A iniciativa do projeto tinha como finalidade atender aos produtores rurais da área, além das fazendas, restaurantes e pousadas instalados no local.

No início o projeto contou com apoio de agências de turismo incentivados pela prefeitura e com o Sebrae, que auxiliavam os moradores com cursos, como o de guia de turismo, que segundo Maristela de Brito Pereira Lanari, do sítio Pirajú, era de excelente qualidade. “Quando foi instalado o projeto teve apoio da prefeitura e do Sebrae durante os primeiros dois anos, depois foi esquecido e os moradores passaram a trabalhar por si, sem a ajuda e o incentivo que era muito importante”, declara a moradora.

Participam do projeto produtores rurais, uma dona de haras, donos de sítios, fazendas, pousadas e restaurantes com a finalidade de atrair turistas.

O Sítio da Cachoeira um dos que fazem parte do Circuito servem de laboratório de pesquisa para métodos de aproveitamento de bambu. Com 10 espécies da gramínia plantadas no terreno, tendo descoberto mais de dez utilidades diferentes para o produto, e criado máquinas para beneficiamento do bambu, o local tem chamado a atenção de pesquisadores de todo o país. “Tem gente do Brasil inteiro que vem aqui para conhecer o trabalho. O maior estudioso do mundo sobre bambu diz que gostaria de morar em Petrópolis, porque nesta região temos condições de cultivar a maior diversidade do mundo”, contou o proprietário do Sítio e responsável pelos projetos Edson Marques da Rocha.

“Eu tinha o bambu e não sabia o que fazer com ele. Mas, a pergunta certa seria o que eu não faço com o bambu”

Atualmente, os bambus cultivados na propriedade são taquaruçu, taquari (brasileiros), vulgaris, criulo, guadua, vulgaris imperial, gigante, caniço, bambu do apito e mosso. O único brasileiro que não existe no sítio é o taquara.

Edson Rocha lembra que quando comprou o Sítio, em 1999, pensou em fazer uma área de proteção ambiental, mas descobriu que teria que retirar o bambu do terreno e plantar árvores nativas da Mata Atlântica. “Eu tinha o bambu e não sabia o que fazer com ele. Mas, a pergunta certa seria o que eu não faço com o bambu”, ressaltou.

Edson descobriu que o bambu pode substituir calhas de pvc e alumínio em telhados: “Testamos as calhas de bambu há três anos e são muito resistentes. Além disso, o custo de manutenção é baixo, basta envernizar a cada seis meses”.

No caso do aquecimento de água, o calor produzido pelo bambu é 100 graus maior do que o produzido pela lenha, chegando a 250 graus. A água aquecida pela queima do bambu chega a 45º.

O bambu também pode contribuir no tratamento de esgoto. Como o bambu tem capacidade para absorver até um terço do seu peso, ele facilita a purificação. O tratamento de esgoto pode ser utilizado em regiões rurais com até 2,5 mil habitantes, permitindo a reutilização da água.

Guarda-copos, pontes, corrimãos, drenagens, contenções, carvão e defumação de produtos caseiros também podem usar o material. Atualmente está sendo realizada a pesquisa para o desenvolvimento de piso de bambu. No artesanato, o sítio já produziu molduras de espelhos, abajur, cadeiras, mesas, suporte para vinhos e sofás. Todos os produtos testados e as diversas utilizações do material podem ser encontradas no sítio.

O restaurante Provence também não poderia ficar de fora do Circuito. O proprietário José Nabuco conta que a fazenda é a única do país a só produzir especiarias. A produção que começou de maneira despretensiosa, hoje, chegou a ocupar 40 hectares e a empregar 80 funcionários. Onde não há plantação (cerca de 50 hectares), a preocupação foi, segundo José Nabuco, reflorestar.

 

Produtos Provence./ Foto: Aline Rickly

O plantio que começou em forma de vasinhos para servir de presente para amigos, em seguida começou a ser vendido – também em forma de vasos – em uma loja de Ipanema. O sabor das ervas, até então pouco comum na culinária brasileira, logo chamou a atenção dos donos de restaurantes do Rio de Janeiro que propuseram uma nova forma de venda: o molho de ervas frescas.

Após o auge das vendas, outros produtores surgiram e a produção da Ervas Provence diminuiu. Entre a venda de ervas frescas e ervas desidratadas, a fazenda produz, atualmente, duas toneladas de ervas. Desse total, 800 quilos são de manjericão frescos.

As ervas podem ser compradas (em vasinhos ou desidratadas) diretamente na fazenda. Os vasinhos custam R$4 (pequeno) e R$6 (grande). Maria Lúcia explica que cultivar as ervas em vasinhos é simples: “É preciso apenas abrigar a planta em um lugar com sol e podar. Além disso, é preciso ter cuidado porque dependendo da espécie ela necessita de mais ou menos água”.

Na Fazenda Provence há uma loja para atender os visitantes. Na Loja também são encontrados vinagres, azeites (com pimenta, ervas Provence, orégano, alecrim e manjericão) e mostarda, de fabricação própria.

O local também possui um bar, que fica aberto diariamente, das 7h às 15h, e o Restaurante da Provence que funciona com reservas de grupos com no mínimo 10 pessoas.

“O projeto é sem dúvidas lucrativo, nos dois primeiros anos ajudou muita gente com o movimento constante…”

A fazenda, no entanto, oferece outras opções para os visitantes. A fazenda possui uma pousada, com sete amplos chalés. Os dois últimos a serem construídos são de madeira (de eucalipto) utilizada na estrutura e nos móveis foi plantada pelos próprios proprietários.

O restaurante Provence no primeiro ano da criação do circuito recebia de três a quatro vans nos finais de semana, hoje só funciona quando tem grandes eventos no Brejal ou sob agendamento. A gerente do restaurante, Magda Cristina de Oliveira Silva, 37 anos, disse: “O projeto é sem dúvidas lucrativo, nos dois primeiros anos ajudou muita gente com o movimento constante, cada um dos participantes contribuía com setenta reais por mês, para a elaboração de folders, propaganda, entre outras coisas, para manter o circuito, mas valia a pena investir”

A Fazenda Santa Brígida também faz parte do Circuito, através da criação de ovelhas da raça Inês e cães Border Collie (pastores de ovelhas), além do Portal de cogumelos, lugar onde é cultivado o cogumelo que acredita-se ter propriedade terapêutica; a Capela de Nossa Senhora da Glória que celebra uma missa por mês; o Haras Massangana que cria cavalos par ao hipismo, entre outros.

Ao longo do projeto houve visitações importantes como de jogadores de vôlei, deputados, a apresentadora Patrícia Travassos da GNT, e   a também apresentadora, Ana Maria Braga da Rede Globo que visitou o restaurante Provence.

 

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