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“A tragédia prejudicou a minha saúde”

Uma noite como outra qualquer, mas apenas até a meia noite. Dia 12 de janeiro de 2011 trouxe danos irreparáveis para os moradores da Região Serrana do Rio de Janeiro. No Vale do Cuiabá a realidade da população foi alterada. A correnteza levou bem mais do que pessoas e bens materiais… Amor, Amigos, Sonhos de uma vida inteira de lutas!

As pessoas que sobreviveram àquela madrugada ainda carregam seqüelas de um dos dias mais miseráveis pelos quais poderiam passar. Moradora da primeira Vila de casa, há mais de trinta anos, Maria do Rosário Moreira de Carvalho relatou os momentos na hora da tragédia.

“Era aproximadamente duas horas da manhã quando começou a entrar água na minha casa de dois andares. Quinze vizinhos foram para minha residência para se abrigarem. Quando percebemos a altura em que a água já havia chegado, entramos em desespero e corremos para o sótão da minha casa. De lá, quando relampejava, a gente via passar carros, ouvia muitas pessoas gritando e só pedia a Deus para dar fim aquela situação” contou.

Segundo os moradores, não poder fazer nada para ajudar as pessoas que imploravam, era uma tortura. Os sentimentos no momento da correnteza eram variados: medo, desespero, dor, perda, incapacidade.

“Sinto falta dos meus vizinhos, das brincadeiras do dia a dia”

Por volta das cinco horas da manhã a água começou a baixar. Quando saíram de casa… “Não dava para acreditar. Estava tudo acabado. Vários amigos e parentes mortos em uma mesma noite. Jamais pensei que isso poderia acontecer aqui no bairro” disse.

O medo ainda mora no Vale do Cuiabá. As pessoas não conseguem esquecer o desespero, a noite mais triste das suas vidas. “Quando chove não consigo dormir. Fico apavorada, sufocada por tanta angústia. É horrível. A tragédia prejudicou a minha saúde, não sei o que fazer. Acompanhamento psicológico não é o suficiente. Quero ir embora do Cuiabá para tentar esquecer, as lembranças me atormentam” revelou.

A saudade de quem partiu sem poder se despedir. A incerteza se realmente tudo foi real. “Sinto falta dos meus vizinhos, das brincadeiras do dia a dia. Quando paro para pensar, nem acredito que isso realmente aconteceu. Imagino que eles foram fazer uma viagem e na correria esqueceram de se despedir” lamentou.

Uma lição de vida: “Nós não somos nada. O bem material é dispensável. Deus é tudo na nossa vida e muitas vezes não damos valor a ele. Sou grata por tudo que vivi ao lado de pessoas maravilhosas que se foram. Agora tenho que seguir em frente e fazer valer a pena cada segundo, pois lutei para continuar viva” finalizou.

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