Concer: Maio amarelo
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História

Uma jornada até Petrópolis

Como consequência da Revolução Francesa e da Revolução Industrial, a Europa ficou com sérios problemas sociais e econômicos. Muitos ricos ficaram pobres, desiludidos politicamente e resolveram deixar seus países em busca de melhores condições de vida.

Em meados do século XIX, mais precisamente em Petrópolis, chegaram imigrantes alemães e lá se estabeleceram. Hoje seus descendentes estão por toda a cidade e o que não falta são histórias sobre como e porquê seus ancestrais vieram parar na Cidade Imperial.

Erica Pesenti Ramos, aposentada de 75 anos, conta como sua já falecida mãe, Edith Martha Korsh veio da Alemanha para Petrópolis com sua família em 1924. O violinista Friedrich Korsh, depois de ter sido persuadido por seus primos, convenceu-se que ganharia muito dinheiro no Brasil, então se mudou de Elbing para Petrópolis com sua esposa Martha Malvina Blumenthal Korsh, sua filha Edith e seu filho Otto. Eles tinham uma terceira filha, Hildagardo, que seria a mais velha caso não tivesse morrido aos quatro anos, vítima de uma queda na escada que mais tarde resultou em uma meningite.

Atualmente, Elbing é chamada de Elblag, pois é o nome polonês derivado do alemão que foi nomeada pelos “Cavaleiros Teutônicos” (nome de uma ordem religiosa alemã católica-romana) à cidadela que tinha como objetivo evitar que a antiga Prússia a reocupasse, uma vez que os cruzados (guerreiros cristãos) alemães estavam em guerra com os prussianos pagãos. Elblag está localizada no rio de mesmo nome (por isso o nome da cidade) no nordeste da Polônia.

Depois da derrota dos “Cavaleiros Teutônicos” pelos habitantes, a cidade ficou sob o domínio da Polônia, Prússia e Alemanha. Na Segunda Guerra Mundial, a cidade foi fortemente danificada e os cidadãos alemães que lá moravam foram expulsos e toda a família de Friedrich que lá havia permanecido foi morta.

A família, primeiro se instalou no Espírito Santo e logo depois se mudaram para Niterói, até virem para Petrópolis.

Friedrich lutou na 1ª Guerra Mundial pela Alemanha e como resultado da guerra, ficou com uma bala inoperável alojada na cabeça. Devido a isso, ele perdeu o tato da mão e teve que parar de tocar violino. Anos mais tarde, teve um derrame que o deixou com o lado esquerdo todo paralisado, além de ter ficado paralítico.

No dia 17 de janeiro de 1945, no mesmo dia do aniversário de sua esposa, Friedrich se matou tomando cianureto para acabar com a agonia que sua vida havia se tornado desde seu derrame. Morreu sem ter ficado rico, como imaginara ao vir para cá e perdeu tudo. Seus filhos, entretanto, prosperaram e viveram em Petrópolis até morrerem.

Marianne Wilbert

Jornalista, pós-graduada em mídias digitais.
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