por Rafael Studart
Fecha e abre, e fecha, e abre. Nada muda. O Chamyto, queijo prato, uma garrafa de vinho pela metade. Tudo lá, como estava instantes atrás. Mas se abre e fecha mais uma vez na esperança de que algo novo apareça. Um sintoma de ansiedade, inquietação, tédio ou burrice.
O charme do início ficou pelo caminho, as novidades já estão cheias de moscas, os carinhos não acarinham como antes, os motivos para prosseguir não se sabe mais. E você fecha e abre os presentes a cada ano que passa.
Respiramos fundo, ajeitamos a gravata e encaramos o enfadonho escritório mais uma vez. Piadas repetidas, puxa-saquismos corriqueiros, internet bloqueada e estresse à flor-da-pele são o que lhe aguardam. Mas você abre e fecha a porta do escritório de segunda a sexta.
Geladeira portátil, menor que um frigobar, até mesmo que um cooler para bebidas, é o nosso smartphone. Verificações constantes de status do Facebook, feed do Instagram, Twitter, Foursquare, Tinder, Whatsapp, E-mail. Aquela mini-depressão que bate quando vemos que nenhuma mensagem nova chegou. Com tantos amigos, contatos, seguidores, seguidos, tagueamentos, filtros, não tivemos ninguém interessado em nós nos últimos 30 segundos?! Como assim?!
A geladeira cresceu. Estamos dentro dela, passando frio, sem ter para onde correr. Esperando alguém abrir pra ver o que temos de novo para oferecer. Torcendo pra ver o mundo (de) novo que pode aparecer.
Rafael Studart é comediante, roteirista e professor universitário de física. Mestre pela COPPE/UFRJ, costuma tentar algo novo com uma certa frequência. Se quiser falar sobre relacionamento e sexo com ele, pode pará-lo na rua. Facebook: http://www.facebook.com/studart7
