por Rafael Studart
Desde que nasci morreu muita gente. E sei que ainda vão morrer muitas mais, mas é a morte do palhaço que me faz cair para trás.
Ninguém sabe, ninguém quer saber, o que faz um palhaço sofrer. Muito menos o palhaço vai dizer.
Cada lágrima que ele converte em sorriso. Cada surpresa, cada suspiro. Quantas lágrimas ele represa, quantas representa, com um simples desenho contido?
O palhaço nos faz rir, para ele próprio se iludir. Isso nos faz bem, e o faz bem nos fazer bem. Mas o palhaço vai embora. Tem que pegar o trem.
Se a vida fosse só picadeiro, pó de arroz e nariz vermelho, o palhaço estava salvo. Mas a vida é muito mais, é tiroteio, pó de dez e saldo no vermelho.
Vai para casa, Palhaço. Vai pensar. Mas não pensa muito. Para não se matar. A vida é dura, Palhaço. Mas vai passar. É tudo uma palhaçada, pode acreditar!
Abracem o palhaço, pois ele está aqui. Daqui a pouco, pode não mais estar. A palhaçada vai acabar. Chorar é o que vai nos restar.
Rafael Studart é comediante, roteirista e professor universitário de física. Mestre pela COPPE/UFRJ, costuma tentar algo novo com uma certa frequência. Se quiser falar sobre relacionamento e sexo com ele, pode pará-lo na rua. Facebook: http://www.facebook.com/studart7
