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[Coluna de opinião] Um ensaio para um mundo melhor

por Julian Tamancoldi Probst

Há quem veja o Natal somente pelo viés econômico e financeiro, uma possibilidade de empreender. Há quem enxergue o Natal como um feriado a mais, uma chance de descanso. Há quem encare o Natal como um dia chato, uma pedra no caminho do réveillon. Longe de mim criticar quem pensa assim ou assado, cada um tem seus motivos para ser o que é e entender a vida como entende.

Só que eu prefiro olhar para essa data com um pouco mais de sensibilidade, destacando aspectos que transcendem nossas preocupações rotineiras. É claro que também me incomoda a correria desenfreada das pessoas, o trânsito insuportável e as multidões se acotovelando pela melhor oferta, entre outras maluquices. Entretanto, o que cada um desses que avoluma as filas está fazendo senão tentar agradar alguém? Presentear é dar um pouco de si.

Talvez devêssemos mudar – e esse é o ponto – a noção de quantidade de presentes e comida, além do senso de urgência. O mundo não vai acabar na noite do dia 24. Um pouco de calma faz bem. Se o orçamento não permitir que se compre aquele videogame de última geração para o filho ou aquele celular importado para a esposa, está tudo certo. Escrever um poema, pintar um quadro, dar uma barra chocolate, por exemplo, são opções que podem ser consideradas. Por mais clichê que possa soar, o valor de um presente não está no preço, mas no afeto das mãos que o entregam.

Aproveitemos, pois, a chance de estar com a família e viver esse momento com toda intensidade, porque muita gente não tem essas coisas que nos parecem tão normais. Incontáveis seres humanos passarão a noite de Natal nas calçadas. Muitos outros, no hospital. Se não fizermos nada para minorar a dor dessa gente sofrida, que ao menos sintamos gratidão pelo que temos.

No meu Natal, não fossem as músicas, árvores, luzes e tantos outros tradicionais apetrechos, talvez eu nem me lembrasse do Papai Noel. Nada contra o bom velhinho, pelo contrário, ele faz a alegria da criançada por aí – e desaponta outras tantas. É que tem um outro personagem que atrai a minha atenção, especialmente nessa época: Jesus. E religião nada tem a ver com isso. A minha admiração pelo Homem que dividiu a história em antes e depois de sua passagem tem relação estrita com a Sua sabedoria. Os ensinamentos desse Mestre são atemporais justamente porque tratam de uma ética superior. Há quem duvide de Sua existência, mas, caso Cristo tenha sido inventado, o autor dessa história é que seria o próprio o Jesus, pois toda a passagem do Nazareno pela Terra foi marcada por atitudes e palavras inalcançáveis para os seres ordinários que somos. Mesmo os mais brilhantes e bondosos luminares da humanidade não são, na minha opinião, da grandeza moral de Jesus.

Não acho que acreditar em Jesus seja importante, afinal, há no mundo milhões de pessoas que não creem Nele. O que importa é agir conforme Sua mensagem de paz, roteiro certo para a resolução de uma série de conflitos. Se Jesus fosse melhor observado, não seríamos tão intolerantes para com aqueles que não pensam como nós ou que não fazem o que queremos. Trataríamos com mais respeito aqueles que torcem para outros times de futebol, que têm posicionamentos políticos diversos dos nossos, que professam outras vertentes religiosas (ou até mesmo os que não têm religião alguma ou sequer acreditam em Deus), que têm orientações sexuais distintas, ou seja, as diferenças seriam encaradas de forma natural. No meu ponto de vista, Jesus não veio falar de religião e nem fundar Igreja alguma, veio mostrar como se ter uma conduta digna e romper paradigmas e preconceitos estabelecidos por uma sociedade doente.

Inspirados por Jesus, o Natal é sempre uma excelente época para olharmos para nós mesmos e para os outros com mais candura, deixando o comodismo um pouco de lado. Que tal ligarmos para aquelas pessoas com quem não falamos há tanto tempo? Que tal tentarmos resolver alguma desavença com algum ser querido? Que tal darmos um passo na direção de alguma reconciliação? Que tal dividirmos um pouco da nossa comida com aqueles que estão com fome? Que tal visitarmos alguém que está doente?

O Natal do Papai Noel é ótimo, mas o Natal de Jesus é muito mais gratificante. Que este dia 25, portanto, possa ser um ensaio para o mundo melhor que tanto sonhamos.

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