por Rafael Studart
Você troca um olhar. Sente tesão. Pensa em sexo. Masturbação.
Quem dera fôssemos essa máquina, imbuída de decisão e confiança, que faz acontecer todos os desejos que se passam em nossa mente.
Ahhh… a experiência de embarcar numa paixão…
A mente racional me deixa constrangido só de pensar, mas foda-se ela. Vamos testando os limites do outro com nossas demonstrações apaixonadas. Ficamos criativos dentro de todos os clichês: damos apelidos, criamos códigos, dizemos que gostamos, que gostamos muito, que adoramos, tudo porque estamos segurando aquela palavra; quem será o primeiro a dizê-la?
Pegamos nos pauzinhos sem saber como lidar. Risada embaraçada. E vem o hot philadelphia, início de tudo: aquela sensação segura, sabor quase conhecido; uma transição suave de um universo que habitamos para um completamente novo. O rodízio não para. É arroz. Você conhece arroz. Tudo bem que tem um peixe cru em cima, mas para isso serve o shoyu; ele dá conta do recado. Até que, finalmente, quando você se dá conta, o salmão invade sua boca, todo rosa e completamente livre de artifícios.
Começamos em pistas curtas, depois nos aventuramos em algumas maiores; partimos para subidas mais íngremes e descidas mais bruscas, velozes. Chegamos aos loopings: simples, duplos, triplos. Arriscamos ir de cara para o chão, de ponta-cabeça. O céu é o limite. Literalmente.
Gradação. Desafio. Novidade. É assim que tento explicar como funciona o sexo anal.
Rafael Studart é comediante, roteirista e professor universitário de física. Mestre pela COPPE/UFRJ, costuma tentar algo novo com uma certa frequência. Se quiser falar sobre relacionamento e sexo com ele, pode pará-lo na rua. Facebook: http://www.facebook.com/studart7