Seis especialistas austríacos na obra de Stefan Zweig estiveram em Petrópolis para visitar o acervo de quase 80 livros que pertenceram ao autor e foi doado pelo próprio escritor à Biblioteca Central Municipal Gabriela Mistral. O grupo visitou o acervo histórico da biblioteca para conhecer os últimos livros que Zweig possuiu no exílio na Cidade Imperial. Trata-se, segundo os especialistas, de obras do filósofo francês Michel de Montaigne, sobre o qual Zweig pretendia escrever uma biografia.
A visita foi feita pelo diretor do Centro Stefan Zweig de Salzburgo, Klemens Renoldner; a crítica literária Daniela Strigl, da Universidade de Viena; e os pesquisadores Werner Michler, Elisabeth Erdem e Arturo Larcati, acompanhados da professora da Universidade de São Paulo (USP), Juliana Perez, e da diretora da Casa Stefan Zweig de Petrópolis, Kristina Michahelles. O grupo se debruçou sobre os livros do acervo pessoal de Zweig para analisar as explanações feitas pelo escritor, que costumava fazer anotações em sua caligrafia inconfundível nas margens dos textos.
“Como a figura do filósofo Michel de Montaigne o interessava muito, sobretudo no que se refere à questão da liberdade e da reclusão do intelectual, nos compêndios da obra do escritor há algumas notas importantes”, explica Kristina Michahelles, que, na figura da Casa Stefan Zweig, iniciou uma parceria junto com o Centro Stefan Zweig de Salzburgo e a Biblioteca Municipal para análise dessas anotações.
“Fiquei muito emocionado de ver de perto e manipular os livros com os grifos de Stefan Zweig”, comentou o diretor do Centro Stefan Zweig de Salzburgo, Klemens Renoldner.
O resultado dessa pesquisa, segundo Kristina Michahelles, poderá ser visto pelo público. “O plano é montar uma exposição na primeira metade de 2019 sobre este acervo na última morada do casal, no número 34 da Rua Gonçalves Dias 34, a Casa Stefan Zweig que é um museu desde 2012”, antecipou a diretora do museu.
Na visita a Petrópolis, o grupo conheceu a Casa Stefan Zweig e o túmulo do escritor e da esposa Lotte, no Cemitério Municipal, além de todo o acervo do escritor austríaco presente na Biblioteca Municipal Gabriela Mistral, com fotografias e as certidões de óbito originais do casal. Antes da rápida passagem pela Cidade Imperial, os especialistas participaram de uma conferência sobre “Stefan Zweig e o projeto do exílio”, realizado na USP nos dias 19 e 20 de setembro.
“A importância desse acervo é da unicidade dele, de ser único. E dos movimentos atuais desses países germânicos de recuperarem o legado deixado por pessoas e intelectuais de língua alemã que foram exilados e muitos deles aqui no Brasil, e aqui em Petrópolis representado por Stefan Zweig”, observou Maria Luísa Rocha Melo, gerente da Biblioteca Central Municipal Gabriela Mistral.
