Nair de Teffé von Hoonholtz nasceu em Petrópolis no dia 10 de junho de 1886. Ainda pequena, sua família se mudou para a Europa e no velho continente estudou em escolas destinadas à elite, o que lhe proporcionou contato com diversos tipos de arte. Na França, Nair frequentou os cursos de pintura com Louise Lavrut e de modelo vivo na Académie Julian.
Em 1905, a família retorna ao Brasil, instalando-se em Petrópolis. Aqui iniciou na caricatura, focando em pessoas conhecidas e assinando seus trabalhos como Rian (seu nome ao contrário). Em 1909, publicou sua primeira caricatura, intitulada “A Artista Rejane”, na revista Fon-Fon. A partir de então passou a colaborar em várias revistas e jornais como “O Malho”, “Revista da Semana”, “Gazeta de Notícias”, entre outras.
Em 1913, pouco tempo depois de ter ficado viúvo, o então presidente Hermes da Fonseca, 57 anos, conheceu e se apaixonou por Nair, com 26 anos na época. O pedido de casamento aconteceu numa inusitada queda de cavalo durante um passeio entre eles, acompanhado pelo barão de Teffé, pai de Nair.
Em uma fala ao Jornal da Tarde, Nair contou como foi o pedido: “sofri uma queda do cavalo e o marechal veio me socorrer dizendo ‘Há muito eu esperava por essa oportunidade. Quero que se case comigo’. Respondi que não podia aceitar de imediato e pedi seis meses para pensar.” A resposta veio oito dias depois.
Segundo um artigo da historiadora Vera Lúcia Bogéa Borges, “no início de 1913, o presidente Hermes da Fonseca chegou a Petrópolis vindo da então capital federal com o objetivo de passar uma temporada na cidade procurando superar a tristeza pela recente viuvez em função da morte da sua esposa, Orsina da Fonseca [morta em 30 de novembro de 1912]. A programação na cidade, com recepções e passeios a cavalo aproximou-o de Nair de Teffé. Em 8 de dezembro de 1913, eles se casaram no Palácio Rio Negro, em Petrópolis. A cerimônia recebeu expressiva cobertura dos jornais e revistas da época repercutindo enormemente no Brasil e no exterior sendo considerado um dos maiores acontecimentos sociais na cidade”.
De acordo com uma matéria do professor Joaquim Eloy Duarte dos Santos, disponível no Instituto Histórico de Petrópolis, Nair também se dedicou a atividades culturais e teatrais em Petrópolis, atuando como atriz, autora e diretora. “Em 1912, Nair interpretou a peça escrita especialmente para ela por Coelho Netto ‘Miss Love’, no papel título; formou uma companhia de teatro ‘Troupe Rian’, que ensaiou e encenou muitas peças com destinação filantrópica. O ator, diretor e produtor Leopoldo Fróes lhe deu uma ponta em “Longe do Olhos”. Nair não teve condições de prosseguir na carreira teatral por haver casado com o Marechal Hermes da Fonseca, então político de prestígio e naquele instante presidente da República. Quando este faleceu e depois perdeu o pai, Nair já não desfrutava do viço da juventude. Os recursos financeiros deixados pelo pai foram absorvidos em despesas necessárias e muito no ‘jogo-do-bicho’ de que gostava. Ao partir de Petrópolis, com as últimas economias, construiu e abriu o Cinema Rian, na Avenida Atlântica, em prédio com 4 andares, que explorou pessoalmente por algum tempo até ser envolvida numa sociedade com o exibidor e distribuidor Luiz Severino Ribeiro que, afinal, ficou com o cinema e o prédio em 1946. Condenado pela expansão imobiliária de Copacabana, o prédio ‘pegou fogo’ em março de 1975. ‘Foi castigo’. – disse Nair em entrevista a ‘O Fluminense’, edição de 29 de março de 1975.”
Nair de Teffé morreu no dia 10 de junho de 1981, data em que completava 95 anos. Foi sepultada na campa do marido no Cemitério de Petrópolis, próxima ao túmulo de seus pais.
Fontes: http://cpdoc.fgv.br/sites/default/files/verbetes/primeira-republica/TEF%C3%89,%20Nair%20de.pdf
https://www.escritoriodearte.com/artista/nair-de-teffe
ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2021. Disponível em: http://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa208704/rian
Instituto Histórico de Petrópolis, disponível em: http://ihp.org.br/?p=3224
