Um dos pontos turísticos mais famosos de Petrópolis e endereço de sua principal festa, a Bauernfest, o Palácio de Cristal foi inaugurado em 1884, com a finalidade de abrigar exposições de produtos hortícolas e pássaros da região, que aconteciam em instalações provisórias no local.
De acordo com informações do Iphan, a Praça Koblenz ou da Confluência é uma das principais praças previstas no plano urbano de Petrópolis de autoria do Major Júlio Frederico Köeler. Densamente arborizada, recebeu por certo tempo o nome de Passeio Público, sendo local de realização de exposições hortícolas, nos anos de 1875 até 1877.
Para melhor abrigar estas exposições que se tornaram constantes, Conde D’Eu, então presidente da Sociedade Agrícola de Petrópolis, encomendou uma estrutura pré-moldada em ferro a uma fundição francesa, que foi montada em Petrópolis pelo engenheiro Eduardo Bonjean, para servir como pavilhão para tais exposições que a Sociedade já vinha promovendo.
No dia 2 de fevereiro de 1884, o Palácio foi inaugurado com um grandioso baile, que contou, inclusive, com a presença maciça de toda a Corte Imperial brasileira. Em abril do mesmo ano, foi realizada a 4ª Exposição promovida pela Sociedade Agrícola e Hortícola de Petrópolis, que se repetiram anualmente até 1886 (veja fotos abaixo).
Em abril de 1888, lá foi celebrada a “Festa da Liberdade”, isto é, a extinção da escravidão em Petrópolis. Na ocasião, a Princesa Isabel entregou solenemente 103 títulos de liberdade aos últimos representantes do cativeiro na cidade.
Após a Proclamação da República, o Palácio de Cristal foi relegado a segundo plano, entrando em decadência. Em 1938, entretanto, o Palácio de Cristal virou sede do Museu Histórico de Petrópolis, por iniciativa de Alcindo Sodré. Segundo informações do Museu Imperial, o Museu Histórico tinha como principais atribuições recolher, ordenar e expor objetos de valor histórico e/ou artístico referentes a fatos dos reinados de d. Pedro I e de d. Pedro II, além de colecionar e expor objetos que constituíssem documentos expressivos da formação histórica do estado do Rio de Janeiro. Outra função era a de realizar pesquisas, conferências e publicações sobre os assuntos da história nacional em geral e de modo especial sobre os acontecimentos e as figuras do período imperial, assim como da história do estado do Rio de Janeiro e, particularmente, de Petrópolis. Todo o acervo abrigado pelo Museu Histórico de Petrópolis foi então transferido para o Museu Imperial, constituindo assim, a sua primeira coleção.
Com a criação do Museu Imperial, o imóvel novamente ficou vazio. Em 1957, durante as comemorações centenárias de Petrópolis, o local voltou a ser palco de atrações, desta vez com a realização de uma exposição histórica, e na parte externa, uma exposição industrial de Petrópolis.
Por muito tempo o Palácio ficou sem qualquer finalidade, até que em 1970 teve início uma série de restaurações, incluindo os jardins. Exemplo típico de arquitetura dita “das grandes exposições”, surgidas com a Revolução Industrial, o Palácio de Cristal consiste em pré-moldado em estrutura metálica, formando cruz com braços retangulares nas laterais e em hemiciclo na frente e nos fundos com vãos preenchidos por vidros transparentes (originalmente, consistiam em cristais “bisotados” importados da Bélgica).
Atualmente é administrado pela Prefeitura de Petrópolis, sendo utilizado para diversas exposições promovidas pelo município ou por iniciativa particular.
Veja abaixo fotos do Arquivo Histórico do Museu Imperial:
Quando me casei e vim morar em Petropolis(1969), a sisituação do Palacio de Cristal era deprimente. Cavalos pastavam na área externa, mato, vidros imundos, um horror. Meu marido, como secretário de serviços públicos do governo do prefeito Paulo Rattes foi incumbido pelo mesmo de comandar a recuperação do local. Foram reformados completamente os jardins. Foram encomendados em São Paulo os lustres de cristal que já não existiam mais e foram confeccionados baseafos em fotos antigas, foram repostos vidros quebrados e erguida cópia da cruz de madeira que havia nos primeiros tempos. Houve inauguração com missa e festas. Um bloco de pedra com uma placa de bronze foi colocado perto da entrada para marcar o renascimento do palácio. Administrações futuras tiraram essa placa. Mas a grande reforma valeu. Desde então o palácio de cristal tem sido cuidado com carinho pela cidade.