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Aconteceu em Petrópolis

Aconteceu em Petrópolis – Bohemia: Tradição, Cultura e História

por Norton Ribeiro

No último dia 20 de abril, uma sexta feira à tarde, tive a oportunidade de conhecer as dependências da nova fábrica Bohemia, reinaugurada recentemente. Aliás, uma oportunidade para poucos, já que as inscrições para a visitação estavam muito concorridas, mas o fato é que consegui conciliar um horário nessa vida corrida e adquirir o ingresso gratuito como morador da cidade. Em breve a fábrica abrirá novas chances de visitação e que serão cobradas, porém com um preço melhor para os residentes em Petrópolis. Entretanto, espero que isto não afaste os visitantes, pois vale muita a pena conhecer o belo trabalho de exposição sobre a história da cerveja, a trajetória da Bohemia, recheado de cultura e tecnologia, tão bem inserido na trajetória histórica da humanidade, desde o mundo antigo até os dias de hoje.

Claro que uma exposição sobre um período histórico tão longo poderia suscitar muitas observações e, certamente, determinados fatos foram privilegiados, entretanto, o que nos interessa é saber como uma bebida, que se confunde com a história da humanidade, foi produzida ao longo dos séculos, que inovações tecnológicas de cada época foram necessárias para sua produção e quais impactos econômicos, sociais e culturais a cerveja provocou durante seus milênios de história. Além disso, passamos a conhecer de forma mais íntima a origem e a produção de outrora da cerveja mais antiga do Brasil, através dos objetos de seus funcionários ainda no século XIX, dos equipamentos da época, do cuidado com que a Bohemia era produzida.

A exposição nos conduz pela saga da cerveja na aventura humana sendo iniciada entre os povos mesopotâmicos, há cerca de 3000 a. C., quando agricultores deixaram os grãos de uma colheita sob a chuva e o sol, percebendo que a fermentação havia produzido um líquido com sabor especial, que os fazia se sentir bem. A mitologia também fez seu papel, elevando a cerveja como líquido dos deuses. Aparece, inclusive, no código de Hamurabi, um dos primeiros códigos de leis escritas da humanidade, onde vemos, dentre algumas, a seguinte inscrição: “se uma sacerdotisa, que não mora em um convento, abriu uma taberna ou entrou na taberna para beber cerveja, queimarão essa mulher”.

A bebida também foi apreciada entre os egípcios e romanos, sendo consumida por toda Idade Média, atravessou os oceanos durante o período das Grandes Navegações e dessa forma chegou à América. Tornou-se popular entre os operários na Europa pós-Revolução Industrial e atualmente vem sendo consumida em grande escala por todo mundo, com os mais diferentes paladares.

No Brasil, a cerveja passou a ser consumida ainda no período colonial e principalmente após a chegada de D. João VI e da família real em 1808. E Petrópolis se funde com a história da Bohemia a partir de 1853, quando um colono alemão chamado Henrique Kremer passou a produzir em escala industrial a cerveja no Brasil. Na época, Kremer adquiriu a Imperial Fábrica de Cerveja, nome que constava no primeiro rótulo, e depois se transformou na Cervejaria Bohemia com produção inicial de 6 mil garrafas por mês. A distribuição era feita por carros puxados por animais, charretes e carrinhos de mão, inicialmente, com vendas diretas e, mais tarde, por meio de pequenos revendedores de Petrópolis e região.

Nesse período, Petrópolis ainda não havia se tornado cidade, o que veio a ocorrer em 1857, e a povoação se desenvolvia com o trabalho tanto dos colonos de origem germânica, quanto de pessoas que vinham de outras localidades e províncias, como a de Minas Gerais. A ideia de uma colônia agrícola, inicialmente pretendida por Júlio Koeler, não havia prosperado e os habitantes da cidade procuraram sobreviver do trabalho artesanal, da construção de estradas e casas e de pequenas indústrias de alimentos, entre as quais estavam aquelas comandadas pelos colonos. Assim, a produção de Kremer foi pouco a pouco conquistando consumidores, mantendo a tradição da cerveja germânica. No final do século XIX, Carolina Kremer, casada com o neto do fundador, passou a comandar a fábrica e deu grande impulso à sua produção e crescimento. Bem, quando assumiu, Carolina não entendia muito bem dos negócios já que este não era um ambiente de mulheres, mas conseguiu um mestre cervejeiro suíço depois de colocar um anúncio em um jornal da comunidade alemã. Assim, Alberto Duringer e Carolina Kremer foram fundamentais para a expansão da empresa. Em sua homenagem, a Bohemia estampa a figura de Carolina em seu rótulo até hoje.

A cerveja Bohemia continuou com sua qualidade, sendo apreciada por décadas como uma das melhores cervejas do Brasil. Em 1998 a fábrica em Petrópolis foi fechada permanecendo assim até 2011. A reinauguração da fábrica na cidade e a referida exposição sobre a história da cerveja e de Bohemia é algo que certamente manterá o nome de Petrópolis marcado na História do Brasil.

Um Comentário

  1. E os bonequinhos agora querem essencia de lúpulo para aromatizar o ambiente!
    Va va a

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