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[Coluna literária] “Ruas Estranhas” – vários autores

A grande sacada de “Ruas Estranhas” foi ter colocado o nome de George R.R. Martin (da série Game of Thrones) em letras garrafais na capa, pois é um chamariz para vendas, mas o autor só escreve a apresentação do livro, não tendo nenhum conto de sua autoria infelizmente.

O livro reúne 16 contos de autores consagrados por suas histórias que envolvem o sobrenatural, que vão desde vampiros e lobisomens até zumbis, fantasmas e outras criaturas.

O primeiro conto, “Morte por Dahlia”, de Charlaine Harris, é sobre uma festa entre vampiros em que acaba ocorrendo uma morte. Assim, o breve conto é basicamente a investigação, mas não empolga e nem surpreende.

Já “A sombra que sangra”, de Joe R. Lansdale, prende mais a atenção, pois o protagonista tem que achar uma pessoa desaparecida e quando o acha, descobre que ele não pode parar de ouvir uma música apavorante, senão a sombra que sangra aparece e pode ser mortal. É interessante porque foge do convencional das criaturas sobrenaturais para um fenômeno tão peculiar, que acaba assustando mais do que uma criatura personificada. É um bom conto!

“Coração Faminto”, de Simon R. Green, conta a história de uma bruxa que perdeu seu coração e o quer de volta, não passando muito de uma metáfora fantasiosa sobre um amor que não deu certo.

“Estige e Pedras”, do Steven Saylor, volta à antiguidade, na Babilônia, numa narrativa que parece um roteiro de Indiana Jones. É bem maios ou menos!

“Dor e sofrimento”, de S.M. Stirling, tem o nome profundo, mas a história sobre a investigação de um incêndio acaba sendo sem pé nem cabeça mesmo com a presença do sobrenatural. Ruim!

“Sempre a mesma velha história”, de Carrie Vaughn, fala de um vampiro que vai investigar a morte de sua amiga humana, já idosa. O conto chega até a ser bonitinho com os flashbacks que relembram a época em que se conheceram e mostra que mesmo ele sendo imortal e ela não, a amizade nunca mudou. A relação dele com a amiga acaba prendendo mais a atenção do que a investigação em si. Boa história!

“A dama grita”, de Conn Iggulden, agrada por falar de um caçador de fantasmas, cujos objetos que ele “recolhe” tem uma alma aprisionada e ao invés de destrui-los, alguns ele guarda, como é o caso da “dama que grita”, que o ajuda na caça de outros fantasmas. O conto é tão curtinho que não dá tempo de se tornar cansativo.

“Hellbender”, de Laurie R. King, é sobre criaturas que são meio homens e meio lagartos (chamadas Hellbenders) e na história, uma detetive é contratada para investigar o desaparecimento de outros de sua espécie. É diferente, mas não é necessariamente bom.

“Ladrões de Sombra”, do Glen Cook, eu devo admitir que não sei nem dizer do que a história se trata de tão confusa que é. De interessante, só o nome que daria um bom filme. Horrível!

“Sem mistério, sem milagre”, de Melinda M. Snodgrass, coloca alienígenas e demônios vivendo entre humanos, envolvendo questões políticas e religiosas, numa história que se não tivesse esse toque sobrenatural, poderia muito bem ser um conto baseado em algum fato. Interessante!

“A diferença entre um enigma e um mistério”, do M.L.N. Hanover, conta a história de um homem que acredita estar possuído por um demônio e mata uma mulher. O conto segue muito a linha de filmes de suspense em que você pode se deixar enganar pela justificativa mais óbvia, mas que no final, devido a alguns detalhes que só o detetive percebe, não era muito bem aquilo que se pensava. É razoável.

“O curioso caso do Deodand” de Lisa Tuttle narra a história de uma mulher que vai trabalhar como assistente de um investigador que tenta ser um Sherlock, mas não conseguem nem de longe o carisma da dupla de Conan Doyle. Juntos eles investigam a morte de um homem que aparentemente não tem nada de muito peculiar, mas cuja personagem está convencida de que não foi um assaltou ou acidente e que seu noivo é o próximo alvo. Até prende a atenção, mas o final é meio bobo.

“Lorde John e a peste de zumbis”, de Diana Gabaldon, é um conto longo demais para uma história tão chatinha. Lorde John vai à Jamaica para tentar conter uma revolta de escravos e tem que lidar com zumbis, cobras e outras criaturas. Acho que foi o conto mais chato do livro.

Em “Cuidado com a cobra”, de John Maddox Roberts, uma cobra é roubada de um templo sagrado e o investigador tem que encontrá-la. Eu tendo a ficar com uma certa raiva quando leio uma história que já não é lá essas coisas e ainda colocam a velha justificativa de irmãos gêmeos no meio, acho muito batido.

“De vermelho, com pérolas”, de Patricia Briggs, traz um casal homossexual formado por um lobisomem e um advogado, onde o advogado é atacado por uma zumbi que foi enviada para matá-lo. O lobisomem então começa a investigar quem a enviou e porquê. Um bom conto, não é muito inovador, mas a narrativa é breve e direta.

“A águia de Adak”, de Bradley Denton, encerra bem o livro, pois embora o conto seja mais longo do que a maioria, não cansa e “enche linguiça” como alguns. Durante a Segunda Guerra Mundial, um grupo de soldados protege uma rocha onde uma águia é encontrada morta e “pregada”. Ganância, previsão do futuro, magias e assassinatos mantém a história interessante até o desfecho coerente e já esperado.

De modo geral, o livro é bem razoável, mas não traz nenhum conto espetacular nem muito surpreendente.

Marianne Wilbert

Jornalista, pós-graduada em mídias digitais.
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