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História

[Você sabia?] Conheça a história do Palácio Quitandinha

A pedra fundamental foi lançada em 1941 e o Palácio Quitandinha foi inaugurado em 1944. O prédio faz referência ao estilo normando, tendência dos grandes cassinos europeus. Decorado com inspiração nos cenários hollywoodianos, pela cenógrafa e decoradora Dorothy Draper. Para participar da preservação, desenvolvimento e valorização de um dos mais importantes destinos turísticos do Estado do Rio de Janeiro, o Sesc Rio assumiu a administração dos espaços de lazer em 24/10/2007, passando a chamar Sesc Quitandinha. A primeira apresentação, já como Sesc Quitandinha, realizou-se em 14/7/2008, com a Orquestra Petrobras Sinfônica. O prédio é tombado pelo INEPAC – Instituto Estadual do Patrimônio Cultural. A partir daí, vários eventos passaram a ser realizados no local, com destaque para o Festival Sesc Rio de Inverno.


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Tudo começou no século XVIII, época do “Ciclo do Ouro”, quando a região era dividida em quatro fazendas: Fazenda do Córrego Seco,  Fazenda  Itamarati, Fazenda do Padre Correia e a Fazenda Quitandinha.  Quitandinha era um local de terreno fértil e alagado propício ao cultivo de frutas, tubérculos e legumes, vendidos na própria fazenda, daí se originando o nome Quitandinha, de quitanda como estabelecimento de vendas de varejo de hortaliças. Em meados da década de 30, com a Estrada Rio-Petrópolis, o mineiro Joaquim Rolla empresário e proprietário de vários  cassinos adquire o terreno – em 1939 – que pertenceu à  família  Azevedo Sodré. Luis Fossati e Alfredo Baeta Neves foram os arquitetos responsáveis pela realização do projeto.

O Palácio Quitandinha é um dos pontos turísticos mais admirados de Petrópolis e do Estado do Rio de Janeiro. Mais conhecido por ter sido um tradicional hotel-cassino e por seus grandes salões, onde na década de 40 fervilhavam as mais concorridas festas, conferências e eventos do Brasil. A inauguração do Palácio Quitandinha foi algo enorme para os padrões da pequena cidade de Petrópolis. Do lado de dentro um banquete para duas mil pessoas no salão (Marconi) e nas ruas de acesso, filas enormes de conversíveis, carros “rabos de peixe” e limusines que chegavam. Além do banquete, havia o show com Grande Otelo. Duas orquestras, de Carlos Machado e do maestro Gaó tocaram durante o jantar e o baile. Rapidamente a cidade de Petrópolis virou o centro das atenções do mundo. Durante praticamente dois anos, enquanto perdurou o jogo no país, o Palácio Quitandinha reinou absoluto dentro dos muitos empreendimentos do gênero. Ali se concentrou a atenção de reis, príncipes, governadores, estadistas, artistas e foram assinados tratados internacionais e conferências entre países do Hemisfério Sul.

Muitas personalidades nacionais e internacionais passaram pelos corredores e dançaram nos salões do fabuloso palácio. Do show business norte-americano há registros de Errol Flynn, Marlene Dietrich, Orson Wells, Josephine Backer, Lana Turner, Bing Crosby e Henry Fonda. Políticos como Juan Domingos Perón, e sua esposa, Evita, o rei Fassau e também Getúlio Vargas e seus sucessores até Emílio Garrastazu Médici. Astros brasileiros não poderiam faltar, como Virginia Lane, Emilinha Borba, Carmem e Aurora Miranda, Jardel Filho, Grande Otelo, entre outros.

Quem entra pela primeira vez no Palácio Quitandinha percebe rapidamente como o local esbanja detalhes em branco nos tetos, pingentes de cristais em lustres e estofados em rosa champagne. Espelhos, repuxos d´água, viveiros, lustres de cristal e bronze, piscina térmica e piso em mármore de Carrara dão uma atmosfera suntuosa ao local. O salão Mauá, reservado ao cassino, impressiona como obra de engenharia por possuir uma cúpula com cerca de 30 metros de altura e 50 de diâmetro, sendo a segunda maior do mundo, comparada à redoma da Basílica de São Pedro, no Vaticano. O eco gerado por esta cúpula em seu ponto principal pode fazer com que a voz de uma pessoa seja repetida várias vezes.

Na época dourada, o Palácio Quitandinha oferecia aos hóspedes e visitantes espaços como boates, cinemas, quadras de esportes, pista de patinação no gelo e três piscinas. Além, é claro, das inovadoras piscinas térmicas construídas para competições de saltos ornamentais e que foram inauguradas pela estrela do cinema Esther Williams. Havia ainda saunas e pista de hipismo, além de um grandioso salão de jogo. Além do desenho arquitetônico arrojado, o Palácio Quitandinha tem um belo lago na entrada com espelho d´água em formato do mapa do Brasil.

De todas as celebridades que frequentaram o hotel-cassino, a que causou maior impacto pela beleza e fama e temperamento controvertido foi Lana Turner. Em 1945, no auge da carreira de atriz da Metro-Goldwin-Mayer, Lana Turner veio ao país para a estreia de um de seus filmes. Hospedada na suíte presidencial de número 200 do Palácio Quitandinha, Lana Turner permaneceu por mais de um mês.

Os dois primeiros anos de funcionamento do Palácio Quitandinha foram de grandes acontecimentos, cercados por toda a pompa que as suntuosas instalações exigiam. O músico Carlos Machado promoveu alguns musicais no Teatro Mecanizado – o primeiro da América Latina a ter palcos giratórios -, ao lado do salão dos Jogos, que serviu também de cenário para as chanchadas da extinta Atlântida. Mas o sonho de Joaquim Rolla, mineiro de São João Domingos do Prata, durou pouco. A época áurea durou até 1946, quando o presidente Eurico Gaspar Dutra baixou um decreto proibindo o funcionamento de cassinos no Brasil. Em 1947, o hotel-cassino foi palco da Conferência Interamericana de Assistência Recíproca, presidida por Oswaldo Aranha, que resultou na assinatura do Tratado do Rio de Janeiro, que viria a se tornar mais tarde a Organização dos Estados Americanos (OEA). Também foi palco, nos anos de 1954 a 1957, de vários concursos de Miss Brasil, onde se destacaram Marta Rocha e Terezinha Morango, além de espaço para bailes de formatura, bailes de carnaval, entre outros.

Joaquim Rolla ainda tentou várias estratégias de arrendamento ao Estado e a uma companhia americana, mas vendeu o Palácio Quitandinha, em 1963, ao paulista Adelino Boralli, dono de um grupo empresarial da área de construção. Antes, em 1954, os apartamentos que eram administrados pelo hotel foram vendidos a particulares e cinco andares do palácio se transformaram em condomínio residencial. Joaquim Rolla faleceu em 1972.

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