Ode Épica e Psicodélica à Serra dos Órgãos
apesar de ser um grão e um farelo de gente
a sua silhueta no planeta
tem o mesmo reflexo das curvas da Serra das Estrelas.
na serra a gente se sente despenhadeiro,
a gente se sente queda,
a gente se sente rapel e se sente alpinismo também.
Ovulado e coriscado
no útero e na glande da Serra dos Órgãos.
estas cachoeiras da Serra de Petrópolis
sempre me diziam,
”moleque, aprenda comigo como fluir pelas pedras do dia a dia.”
Com pena de penar penoso
porém se viu amontanhar na Serra das Araras
com as asas de um voo azul gritante.
Já o Morro do Açu
é a sua caricatura
com os ombros mais rochosos para suportar o mundo
e que mesmo medindo 1 metro e 80 de altura
por dentro seus sentimentos possuem 2.180m de altitude.
& o Dedo de Deus retira remela e sangue do nariz do céu.
e eu acordo com uma disposição de trilha da Travessia Cobiçado ao Ventania
com 1,742 m de altitude e atitude para enfrentar esta semana e esta rotina
atravessando os dias ,as neuroses do mundo
e os morros da consciência;
Morro do Cobiçado, Morro dos Vândalos, Pedra do Diabo, Tridente, Pedra do Inferno
e o tambor estridente do Caxambu batucando na cabeça.
vi um êxtase mineral de serra num cisco de gente.
começou a escorrer água com vontade de cachoeira de dentro da gente
começou a brotar bromélias brutas de dentro da gente
começamos a ser escalados por bodes selvagens ruminando os verbos de dentro da gente.
começou a ser pulado por saguis da serra.
ser ser(ra) para ser escalado pelas palavras
e ser rapelado por aqueles teimosos sentimentos
que não o deixa ceder ao choques de outros corpos.