Pequena Scarlet
Palmas se tocaram
Volvi-me, divagando
Deslizaram
Teus dedos, gerânios…
Aos poucos lapidavam
Feitos para suster
Me entre-laçaram…
Olhos cor de ameixa
Trêmulos, vivos
De tudo se queixa
Com teus cachos de trigo
Foram ter comigo
Então, notara;
Buscava o que me mostrara
Aquietou teus olhos
Estes sorriam
“Decifrar”
Eles diziam
Falavam num só tom
O vento já cantava…
Sorriu-me verão
Nos deixamos à mercê
Tu deras de ombros
“Quanto ele nos canta, o que se pode fazer?”
Fui em busca de tua cintura
De tua quentura
Arranhou-me, levemente
Era tua mania
Era tua sina
Era eminente…
Arrepiei-me, uma geada
Tua cilada
Cilada que diverte
Que me inverte
E num piscar de olhares
Lá estava
Abortando “apesares”
Ele se deitava
Teu queixo em meu ombro
“Estamos”
Seu cheiro de outono…
E tudo se cessou
Nosso mundo se fechou
Noite entre dia
Mesmo nada vendo, eu sentia
tu sorria…
Era uma flor-ida
Uma flor-rida
Alma florida…
Nossos pés deixaram o chão
Cintilando, nos sorriam
Estrelas nos convidavam de antemão
E como folhas ao vento
Dançamos, atados
Por momentos, tudo de lado
Sussurrei-lhe uma confissão
Cruzara os pulsos em meu pescoço
Há-braços de prontidão
Eu agora a via
Lua de solstício
Sol de primavera
“É ela…”
Sua boca se torceu
Sorriu-me de lado
Puxei-a para mim
Tocamos os lábios…
Dourados, teus cabelos brilhavam
Tingidos
Emaranhados
“Cachos de trigo”
com gotas de orvalho…
Ricardo dos Santos possui um blog de poesias, o Dilúvios no sofá. Curta a página: facebook.com/diluviosnosofa