Concer: Maio amarelo
Concer: Maio amarelo
Coluna Literária

[Coluna literária] “Quando ela acordou” – Hillary Jordan

Imaginar uma sociedade que julga as pessoas pela cor da pele não é muito difícil, já que temos casos atrozes e verídicos na história da humanidade que mostram isso. Mas imagine marcar uma pessoa com uma cor para que todos saibam qual delito ela cometeu.

É isso que acontece com Hannah Payne, que é condenada a viver como uma vermelha pelo período de 16 anos, por ter feito um aborto.

Pode-se dizer que “Quando ela acordou” é uma versão moderna de “A letra escarlate”, de Nathaniel Hawthorne, ao começar pela semelhança no nome das protagonistas: Hannah Payne (Hester Prynne), um ambiente conservador e religioso (a história de Hawthorne se passa em Salem, no século XVII, colonizada por puritanos vindos da Inglaterra) e o amor por um reverendo que acaba gerando uma criança. Assim como Hester (a diferença é que ela teve a criança), Hannah não entrega o nome do pai de sua filha ao ser julgada, e como punição pelo “crime”, ela tem seu corpo todo pigmentado de vermelho (Hester tem que carregar a letra escarlate “A” bordada em seu peito).

A obra de Jordan mostra não só as dificuldades após a cadeia e a transformação não só física de Hannah, como também todas as suas crenças, até então inabaláveis, começam a ser questionadas ao encontrar outras pessoas e diferentes visões pelo caminho.

A transformação de Hannah é tamanha que ela se permite viver coisas as quais teria sido censurada e punida em sua antiga vida. E embora o desfecho não seja surpreendente, a trajetória da protagonista é tão transformadora em vários sentidos, que no final, é isso que importa, né?

Afinal, “não importa o caminho, e sim o destino”, já dizia algum sábio…

Marianne Wilbert

Jornalista, pós-graduada em mídias digitais.
Botão Voltar ao topo
error: Favor não reproduzir o conteúdo do AeP sem autorização ([email protected]).