Dando continuidade às entrevistas com os candidatos às eleições 2014 de Petrópolis, nesta semana é a vez da candidata a deputada estadual Betty Lage (PR).
AeP: Quando e por que você começou na vida política?
Betty: Há 20 anos, fui agredida e abusada moralmente. Esse martírio levou décadas para ser resolvido, e com a ajuda do meu atual companheiro, Paulo Tardin, me tornei defensora dos direitos da mulher e fiel lutadora desta causa. Motivada, ajudei inúmeras mulheres que passaram por assédio e abuso. Assim começou minha trajetória política, que culminou com a Presidência do PR Mulher de Petrópolis e coordenadora da região serrana do meu estado. Com o meu trabalho visto pela majoritária de meu partido (PR), o deputado federal Anthony Garotinho e a deputada estadual Clarissa Garotinho me convidaram para esta nova missão, ampliando a abrangência das minhas ações. A possibilidade de ser deputada estadual me daria mais força e legitimidade para, através de discussões, comissões e leis, estender legalmente a ajuda que tanto almejo para as mulheres abusadas, assediadas e agredidas.
AeP: Como você pretende aliar a experiência da sua atual função ao cargo de deputada estadual, caso seja eleita?
Betty: Sou administradora de minha empresa há 18 anos e fui comerciante por mais 10. Este trabalho, aliado ao que tenho feito no PR Mulher, me dão as condições necessárias para o cargo de deputada estadual, embora essa dita “experiência” que vemos por aí de longe passa pelo meu objetivo como legisladora.
AeP: O que pretende realizar? Qual é a sua principal bandeira?
Betty: A mulher será sempre a minha força motriz, para que eu me sinta realizada no trabalho legislativo. A lei Maria da Penha foi um grande avanço, porém, além de não ser cumprida na sua totalidade, visa somente a agressão, não aprofundando a questão e o sofrimento anterior. A mulher abusada e agredida sempre sinaliza bem antes de acabar indo parar no hospital e/ou necrotério. Por isso, enquanto não aliarmos grupos de apoio, sociedade civil e Estado (delegacia da mulher e casas de acolhimento), todos voltados para o problema, a cada 17 segundos uma mulher continuará sendo abusada e/ou agredida em nosso país. É importante observar que esta média é maior que em muitos países menos desenvolvidos que o Brasil.
AeP: E para Petrópolis?
Betty: Petrópolis será minha maior bandeira e desafio, pois é aqui que resido. Além de lutar contra o abuso e agressão às mulheres, cenário em que Petrópolis já tem uma média 17% maior que o restante do Estado, também pretendo levantar outras bandeiras: o que vemos em Petrópolis com relação aos animais domésticos e silvestres me causa uma angústia inenarrável. Os maus tratos e abandono são crimes previstos no âmbito constitucional, no que tange a tutela; e no código ambiental, no que tange aos maus tratos. Precisamos que ONGs e pessoas voluntárias se juntem ao Estado, a fim de que o problema seja discutido não só de maneira afetiva, mas também legal. Precisamos de penas mais duras e de ferramentas de investigação, como acontece em países de primeiro mundo.
Em relação à Saúde, nossa cidade chegou ao fundo do poço e, por isso, é certo que o modelo está defasado e errado. Precisamos desonerar a obrigação do município para as médias e grandes complexidades, ficando para a cidade as questões de prevenção e de ambulatório. Não basta só cuidar da doença, precisamos cuidar do cidadão. Nossos representantes estaduais foram incapazes de lutar pela melhoria da saúde em nossa cidade, no que tange à saúde estadual.
Sobre a Cultura e o Turismo, nossas maiores vocações, creio que haja uma inobservância das verdadeiras necessidades de nossa cidade nessas áreas. Não existe sequer um esboço de política cultural por parte dos atuais deputados. Como deputada, direcionarei emendas e mecanismos para que possamos mudar este quadro e realizar aqui o que temos em abundância em Petrópolis, prestigiando os espetáculos locais e de companhias petropolitanas. Quanto ao turismo, quanto maior a ajuda dada aos que nesta área atuam, melhor, visto que somos a cidade mais bonita cidade do interior do Estado e, por isso mesmo, precisamos enxergar o turista de outras cidades com a mesma importância do que o estrangeiro, pois gera mais renda e visibilidade para Petrópolis em nosso país.
Também vou lutar pelos idosos, juntamente com nossa candidata à deputada federal Clarissa Garotinho, para que seja feita a revisão das aposentadorias, pois somente unindo forças que conseguiremos mudar este quadro. É inconcebível trabalharmos uma vida inteira para, quando nos aposentarmos e precisarmos do mínimo de conforto, o Governo tirar os nossos benefícios. Vejo a aposentadoria de minha mãe diminuir a cada dia, uma covardia.
Para finalizar, quero dizer que sou a única mulher candidata a deputada estadual em nossa cidade, e tudo que farei passará pelo diálogo. Petrópolis será a lavoura que testarei as minhas culturas e tenho certeza que os bons frutos serão colhidos por todos os nossos irmãos e irmãs das cidades adjacentes. Sou a renovação verdadeira, sou mulher e lugar de mulher é sim na política. A mudança é iminente e acontecerá em breve, eu somente me considero a precursora desta nova forma de política.
O número de Betty Lage é 22.322.
