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Coluna Literária

[Coluna literária] “Fale!” – Laurie Halse Anderson

A vida na escola pode ser cruel para alguns alunos, especialmente para aqueles que adotam um estilo ou atitude diferente e, consequentemente, acabam sendo julgados por isso e até mesmo excluídos. Além de não terem amigos, muitos sofrem agressões físicas e/ou verbais, o famoso “bullying”, e por não acreditarem que alguém possa ajudá-los, optam por se calar. Pelo menos é isso que Melinda, personagem de “Fale!”, escolhe fazer.

Sinopse: “Fale sobre você… Queremos saber o que tem a dizer.” Desde o primeiro momento, quando começou a estudar no colégio Merryweather, Melinda sabia que isso não passava de uma mentira deslavada, uma típica farsa encenada para os calouros. Os poucos amigos que tinha, ela perdeu ou vai perder, acabou isolada e jogada para escanteio. O que não é de admirar, afinal, a garota ligou para a polícia, destruiu a tradicional festinha que os veteranos promovem para comemorar a chegada das férias e, de quebra, mandou vários colegas para a cadeia. E agora ninguém mais quer saber dela, nem ao menos lhe dirigem a palavra – insultos e deboches, sim – ou lhe dedicam alguns minutos de atenção, com duvidosas exceções. Com o passar dos dias, Melinda vai murchando como uma planta sem água e emudece. Está tão só e tão fragilizada que não tem mais forças para reagir. Finalmente encontra abrigo nas aulas de arte, e será por meio de seu projeto artístico que tentará retomar a vida e enfrentar seus demônios: o que, de fato, ocorreu naquela maldita festa?

Embora trate de um tema delicado, a narrativa é bem leve, contando o cotidiano de Melinda, sua repentina amizade com a aluna nova, os grupos que existem no colégio, as amizades que você pensa serem verdadeiras até serem colocadas à prova, a dificuldade em se encaixar, a vontade de sumir e, principalmente, chegar ao ponto de se calar, após ter sido tão subjugada, perdendo completamente a fé que tenha uma voz que mereça ser ouvida.

Acredito que “Fale!” deveria ser um livro extraclasse, pois além de muitos adolescentes se identificarem, serve também como um alerta do “perigo” de se calar, e do medo aliado a isso.

Com o perdão do trocadilho, é um livro sobre o silêncio, mas que diz muita coisa.

Marianne Wilbert

Jornalista, pós-graduada em mídias digitais.
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