Um estrela e estrala o outro
A partir de então meus olhos são dois telescópios castanhos te avistando
cometa que orbita o estrelário da minha pupila.
Fotografia debaixo dos cílios.
passo a te medir com sextantes lúmens e volts .
satélites sondas espaciais da NASA sequer lunetas
não conseguem captar a estrela que gira a galáxia castanha da sua retina.
todos os sismógrafos e placas tectônicas se agitam quando a gente se abraça.
todos barômetros enlouquecem quando chove dentro da gente.
O ganso e a hélice da usina eólica decolam quando a gente passa.
Tens os mesmos traços de um poema
nave de igreja barroca
que deixa meus cupins estupefatos atônitos e encantados.
haste de jurema terapia mousse bolo tonel de umburana da minha cachaça
lareira e meia de crochê
quando anoiteço
risca arisca relâmpagos e trovoadas no céu da boca.
Se a palavra despenca da voz como queda de andaimes
blocos de ardósia
sua frase cai dentro do meu ouvido
rio negro mergulhando no boto rosa
chuviscos escalando as parabólicas
líquens de encontro ao tronco do meu angico
Poema que me pega pelo braço e me leva para um sítio dentro da palavra sossego
Onde sobra eucalipto
para alimentar a caldeira da usina de açúcar e álcool
instalada nas cavidades do corpo da gente.
Matheus José Mineiro é autor do livro “A Cachoeira do Poema Na Fazenda do Seu Astral” e dos fanzines Apologia Poética artesanalmente, Alcoologia Poetica, Mais Um Cadim de Poesia Aí, Ô Trem Bão Poesia Com Limão e Costelinha com Quiabo e Poesia (www.