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Coluna Literária

[Coluna literária] “Homem comum” – Philip Roth

Um homem comum. Uma carreira de sucesso numa profissão que não era aquela dos sonhos, mas que pagava as contas. Uma vida amorosa com três casamentos na bagagem e três filhos. Decepções, traições, internações. O fim. A solidão. O medo. Uma vida comum.

Com uma narrativa simples, direta e bastante reflexiva, Philip Roth discorre sobre a perda, o arrependimento e a resignação diante do fim, tornando sua obra universal, não só pelo tema, mas também pelo fato de não dar um nome a seu protagonista. Ele é um homem comum. Pode ser seu vizinho, seu amigo. Pode ser você. Afinal, o fim chega para todos.

“No entanto, o que ele aprendera não era nada em comparação com a desgraça inevitável que é o final da vida. Se fosse tomar conhecimento do sofrimento mortal de cada homem e mulher que conhecera durante todos os seus anos de vida profissional, da história dolorosa de arrependimento, perda estoicismo de cada um, de medo, pânico, isolamento e terror, se soubesse que cada coisa lhes pertencera de modo mais visceral lhes fora arrancada e como estavam sistematicamente sendo destruídos, teria de ficar ao telefone o dia todo, e mais a noite toda, fazendo pelo menos mais cem ligações. A velhice não é uma batalha; a velhice é um massacre.”

A obra é uma ótima sugestão para quem quer começar a se familiarizar com o premiado autor, que além de um Pulitzer, três PEN/Faulkner (um deles por “Homem Comum”), PEN/ Nabokov e PEN/Saul Bellow, foi laureado com a Gold Medal in Fiction, que é a mais alta distinção da American Academy of Arts and Letters.

Termino a coluna de hoje sugerindo mais um livro, que, seguindo esta temática, vocês também podem gostar: “Fim”, o primeiro romance de Fernanda Torres. Veja a sinopse:

O livro focaliza a história de um grupo de cinco amigos cariocas. Eles rememoram as passagens marcantes de suas vidas – festas, casamentos, separações, manias, inibições, arrependimentos. Álvaro vive sozinho, passa o tempo de médico em médico e não suporta a ex-mulher. Sílvio é um junkie que não larga os excessos de droga e sexo nem na velhice. Ribeiro é um rato de praia atlético que ganhou sobrevida sexual com o Viagra. Neto é o careta da turma, marido fiel até os últimos dias. E Ciro, o Don Juan invejado por todos – mas o primeiro a morrer, abatido por um câncer. São figuras muito diferentes, mas que partilham não apenas o fato de estar no extremo da vida, como também a limitação de horizontes. Sucesso na carreira, realização pessoal e serenidade estão fora de questão – ninguém parece ser capaz de colher, no fim das contas, mais do que um inventário de frustrações. Ao redor deles pairam mulheres neuróticas, amargas, sedutoras, desencanadas, descartadas, conformadas. Paira também um padre em crise com a própria vocação e um séquito de tipos cariocas. Há graça, sexo, sol e praia nas páginas de ‘Fim’. Mas elas também são cheias de resignação e cobertas por uma tinta de melancolia.

Marianne Wilbert

Jornalista, pós-graduada em mídias digitais.
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