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Política

Comissão vai acompanhar ações da Coordenadoria de Bem-Estar Animal

Para discutir com a comunidade os últimos casos de maus tratos, apresentar diferentes ações de proteção animal e avaliar a atuação da Coordenadoria de Bem-Estar Animal, a vereadora Gilda Beatriz recebeu na última sexta-feira (29), representantes de ONGs e entidades que trabalham em prol dos animais em Petrópolis. A iniciativa que contou com o apoio da OAB – Petrópolis, representada por Elisabeth Amorim, presidente da Comissão de Defesa dos Animais, mobilizou também protetores independentes e amantes dos animais que relataram casos de maus tratos que, por diferentes motivos, não chegaram às autoridades.

“Eu destinei uma emenda no valor de R$200 mil para Coordenadoria de Bem-Estar Animal, mas infelizmente foi vetada pelo prefeito, meu objetivo era dar condições de funcionamento para COBEA. A partir daí, junto aos protetores, comecei a cobrar ações. Falta transparência no processo, o que vejo hoje são os protetores trabalhando sem apoio do poder público e com pouca estrutura. Quase dez meses após a sua criação, são muitas as denúncias sobre o mau funcionamento da Coordenadoria e a situação dos animais continua crítica”, destacou a vereadora.

Para Quele Andrade, representante do GAPA – Itaipava, o trabalho realizado pelas ONGs foi perdido com o fim da parceria com prefeitura. “Quando a prefeitura encerrou a parceria com as entidades e ONGs, havia mais de trezentos animais agendados para castração. Não é apenas colocar à disposição o Castramóvel, eram realizadas avaliações, oferecidos remédios, transporte antes e após as operações, esta parte por conta dos protetores. O trabalho continua, mas com muita dificuldade. Os cachorros deixados na cidade e nas comunidades continuam sendo cuidados pelas ONGs. O trabalho realizado hoje é insuficiente e tudo que fizemos foi perdido”, explicou.

Segundo os protetores, após o atendimento a Coordenadoria não tem condições de assumir o animal, e a conta ao final, é entregue a quem efetuou o socorro. Os representantes lembraram ainda que a prefeitura nunca repassou dinheiro às ONGs, o pagamento dos atendimentos realizados antes da criação da COBEA era feito diretamente às Clínicas Veterinárias.

Responsável pelo socorro da cadelinha Belinha, encontrada dentro de uma banheira após ser esfolada viva, Domingos Galante explicou que após o atendimento, o dinheiro utilizado para pagar a conta da Clínica Veterinária foi conseguido através de doações. “Recolhemos dinheiro com moradores do Bingen para pagar todas as despesas da cachorra após o atendimento, já está tudo quitado, infelizmente quando você precisa do poder público nunca tem dinheiro”, contou o protetor independente.

Protetor há quase vinte anos, o empresário Farlen Macieira, marido da Coordenadora de Bem-Estar Animal, Rosana Portugal, acredita que a responsabilidade pela falta de estrutura da Coordenadoria deve ser dividida. “Se a Coordenadoria foi criada pelo prefeito atual, então deve ser de responsabilidade dele. A Rosana está fazendo a sua parte dentro de suas possibilidades, mas a cobrança é em cima da Coordenadoria. Se toda esta força for de encontro ao Secretário de Saúde, ao Secretário de Meio Ambiente e ao prefeito, talvez algo seja resolvido. A coordenadora está sendo um para-raios. Qualquer um que estiver lá não terá recursos”, pontua o empresário, dono de uma Clínica Veterinária.

Para Gilda Beatriz, não é possível manter em funcionamento uma Coordenadoria sem dinheiro. “Votei contra a criação da Coordenadoria de Bem-Estar Animal, por não acreditar que pudesse funcionar sem recursos. Como manter uma folha de R$25 mil? Este dinheiro seria mais bem empregado em parcerias onde não existe custo com pessoal e o trabalho já é realizado por amor aos animais. Apenas no Curral de Apreensões foram R$300 mil para uma obra muito atrasada, que denunciamos por várias irregularidades naquele momento e que conta apenas com um funcionário. Por isso, nenhum pedido de resgate de animais na pista é atendido. Como apenas uma pessoa vai socorrer, limpar, alimentar e colocar um cavalo sozinho em um transporte? Faltam informações até sobre o funcionamento da Coordenadoria. Qual é o horário de atendimento de emergência? Onde e como é feito o atendimento de animais que sofrem maus tratos ou que estão em estado grave? Qual é a função dos veterinários contratados? O único carro a disposição da COBEA está quebrado. Recebemos dezenas de reclamações sobre a dificuldade do atendimento por telefone, nenhum protocolo é gerado após o atendimento. Fiz um requerimento e recebi um papel com alguns dados, sem qualquer documento válido em anexo que comprove os atendimentos e boletins de ocorrência”, completou.

Para Elisabeth Amorim, é preciso mais mobilização em torno de questões da causa animal. “Precisamos fiscalizar, fazer um trabalho de parceria para buscar nosso objetivo, que é ver as leis serem cumpridas na causa animal. Temos uma legislação sobre isso, são direitos conquistados. A COBEA também é uma conquista. Temos que cobrar o poder público para que as coisas funcionem, por isso, é preciso que todos nós estejamos fiscalizando, trabalhando paralelamente, vistoriando aquilo que é cumprido e cobrando da prefeitura as verbas para estes órgãos. Já que o governo cria, e se propõe a pagar profissionais, que eles tenham condições de agir também. Lamento muito que mais uma vez a prefeitura não tenha enviado um representante, apesar do convite formal que recebeu”, lamentou a advogada que também atua como protetora dos animais.

Com base nas reclamações e denúncias mais recorrentes entre os protetores, foi criado um grupo de trabalho para acompanhamento das ações do COBEA. Averiguada alguma irregularidade, será encaminhada ao Ministério Público.

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