Durante audiência pública da Comissão de Viação e Transportes (CVT), que tratou da violência no trânsito e suas consequências para a população brasileira, o deputado Hugo Leal criticou a forma como a temática do trânsito é tratada no país. Segundo ele, a acidentalidade no trânsito gera gastos da ordem de R$50 bilhões/ano aos cofres da União, conforme dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA).
Na avaliação do parlamentar esse valor poderia ser reduzido imensamente caso ao menos R$1 bilhão fossem investidos em prevenção. Mas faltam investimentos. De acordo com a representante do Denatran, Rita de Cássia da Cunha, existem muitos projetos no órgão, mas este enfrenta muitas dificuldades com a falta de liberação de verba.
A coordenadora substituta da Coordenação-Geral de Qualificação do Fator Humano no Trânsito declarou: “Estou há 28 anos na causa do trânsito, sou técnica. E a tristeza dos técnicos é a questão do comprometimento com a causa trânsito. O que são R$ 150 milhões para um departamento trabalhar? Mais da metade desses recursos é contingenciado pelo Governo Federal, e não conseguimos fazer o que é preciso.”
Para Hugo Leal, há uma ausência de lógica na maneira como o tema é tratado. “Se a questão não é vista pelo ponto da emoção, das vidas perdidas, que seja pela razão. Muito dinheiro está sendo perdido.” Segundo ele, acidentes não são por acaso, acontecem por motivos que precisam ser avaliados e combatidos. “O problema é que quando o assunto é trânsito, inúmeros órgãos têm responsabilidade, mas ninguém efetivamente cuida. É como um animal com cinco donos, que acaba morrendo de fome, pois os cinco esperam que o outro os alimentem, e ninguém o faz”, ponderou.
A solução, finalizou o parlamentar, é a centralização das responsabilidades em um organismo de primeiro escalão, e não vários de 3º e 4º escalão, como acontece hoje. Participaram da audiência Fabiano Contarato, Diretor Geral do Detran/ES; Dirceu Alves Junior, diretor de Comunicação e do Departamento de Medicina de Tráfego Ocupacional, representando a Abramet e Fenando Diniz, presidente da ONG Trânsito Amigo.
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