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Coluna Literária

[Coluna literária] “Go” – Nick Farewell

Just people can save people, but just you can save yourself.”

Um DJ de 29 anos sem vontade de viver. Indiferente, solitário, apático, que não vê propósito e nem sentido em nada. O que para muitos pode ser apenas uma fase, para outros acaba se tornando uma condição. Por isso, “GO. Vá. Vá em frente. Escreva, desenhe, pinte, fotografe, dance, costure, atue, cante. Portanto, quando tudo estiver ruim, lembre-se destas duas letras que formam uma palavra. GO. Vá. Vá em frente. Apenas faça.”

Remetendo um pouco à ideia de “Carpe Diem”, pode-se dizer que “Go” seria o primeiro passo: sair da inércia; motivar-se. Mas não, isso não significa que seja um livro de autoajuda. A obra é o relato de um jovem cuja existência, por diversas vezes, acaba se tornando uma angústia, um peso. A falta de um objetivo, de um propósito e de vínculos deixam a vida sem cor, e esse estado de espírito costuma ser agravado pelas decepções cotidianas: um relacionamento que não deu certo, um emprego insatisfatório, a sensação de não pertencimento e até a falta de identidade, já que no livro não ficamos sabendo o real nome do personagem, que prefere ser chamado de “Fahrenheit”.

O livro ganhou grande visibilidade após ter sido aprovado pelo MEC para entrar no catálogo de bibliotecas escolares de todo o país e a identificação com a história de Nick Farewell foi tamanha, que muitos jovens resolveram tatuar o nome da obra. Isso é resultado de uma narrativa inspiradora, que aborda temas delicados, mas numa linguagem simples e bem acessível, sem tratar seus leitores como crianças. É como se fosse um ombro amigo introduzindo-as à vida adulta, não escondendo as dificuldades, mas incentivando-os a continuar mesmo com todos os percalços.

“O mundo teria que me aceitar do jeito que sou. A diferença não estava no talento, nem na inteligência e muito menos no conhecimento. Estava na sua vontade. A vontade com que você quer fazer algo. Se é que existe talento, inteligência ou conhecimento, na falta de algum desses, teria que suprir com a vontade de querer fazer.”

Um outro ponto positivo da obra são as referências musicais que incluem desde bandas celebradas entre os mais jovens como The Strokes, Franz Ferdinand, Smashing Pumpkins, passando por nomes conhecidos como Norah Jones, The Rolling Stones, Queen, Elvis Costello, até grupos não muito famosos no Brasil, como Manic Street Preachers e Guillemots. Isso sem falar nas referências aos poemas de Baudelaire, e aos filmes “Waking Life”, de Richard Linklater (diretor de Boyhood, Antes do Amanhecer, Antes do Pôr do Sol, Antes da Meia-Noite) e “Fahrenheit 451”, de François Truffaut. Ou seja, música, cinema e uma dose de filosofia existencialista nunca casaram tão bem. É um belo livro!

E com o perdão da paráfrase, só para finalizar e (por que não?) reforçar a mensagem que fica, embora ninguém possa voltar atrás e fazer um novo começo, qualquer um pode começar agora e fazer um novo fim, então vá. Vá agora! GO!

Marianne Wilbert

Jornalista, pós-graduada em mídias digitais.
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