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Coluna Literária

[Coluna literária] “Ninfeias Negras” – Michel Bussi

“Num vilarejo, viviam três mulheres. A primeira era má; a segunda, mentirosa; a terceira, egoísta. O vilarejo tinha um belo nome de jardim. Giverny. A primeira mulher morava num grande moinho à beira de um regato, a segunda ocupava um apartamento sobre a escola primária, a terceira vivia com a mãe numa casinha de paredes descascadas. As três tampouco tinham a mesma idade. A primeira tinha mais de 80 anos e era viúva. Ou quase. A segunda tinha 36 e nunca havia traído o marido. Ainda. A terceira estava prestes a completar 11 anos e todos os meninos de sua escola queriam ser seu namorado. A primeira só usava preto, a segunda se maquiava para o amante, a terceira enfeitava os cabelos para que voassem ao vento.”

Um corpo é encontrado em Giverny, cidade francesa mundialmente conhecida por ter sido a residência de Claude Monet. Três mulheres: uma criança, uma adulta e uma senhora parecem estar relacionadas com o ocorrido. Só elas sabem o que aconteceu. Muitas pistas, mas a polícia não parece estar nem perto de concluir o caso. Afinal, o que aconteceu? Por que e quem teria matado o oftalmologista da cidade?

Misturando história da arte com uma investigação policial, o livro é narrado por diversos personagens que aos poucos vão  revelando suas verdadeiras personalidades, e a narrativa inteira é permeada por uma grande interrogação. Bussi vai jogando muitas informações, diferentes linhas de raciocínio, que deixam o leitor o tempo todo se questionando sobre o que de fato a história trata e como todas as peças se encaixam.

Um ponto que vale ser ressaltado é a precisão na descrição de Giverny, os jardins e a casa de Monet, que nos insere praticamente como testemunhas oculares de tudo o que está sendo narrado, tamanho a riqueza nos detalhes. Isso também contribui para que o ritmo se torne um pouco mais lento em alguns momentos, mas como os capítulos são curtinhos, isso é facilmente contornado.

A obra também menciona várias obras do pintor impressionista e de outros pintores, além dos museus que reúnem seus trabalhos, sendo bastante interessante para quem gosta de história da arte.

O desfecho, de fato, é surpreendente. Mesmo sendo ávida leitora de thrillers e criando várias hipóteses na cabeça, nenhuma amarrava totalmente história como o final escolhido. Vale a leitura!

“O crime de sonhar eu consinto que seja instaurado.”

Marianne Wilbert

Jornalista, pós-graduada em mídias digitais.
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