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Coluna Literária

[Coluna literária] “Origem” – Dan Brown

Da onde viemos? Para onde vamos? Em talvez o que seja sua obra mais ambiciosa, “A Origem” se propõe a responder a essas duas questões.

Depois de anos de pesquisa, o futurólogo bilionário Edmond Kirsh consegue provar e responder a estas duas perguntas fundamentais da existência humana, mas as consequências de sua revelação ameaçam diretamente às religiões.

O ateu promove um grande evento no Museu Guggenheim de Bilbao para anunciar sua descoberta, mas um acontecimento impede a grande revelação que corre o risco de ser perdida para sempre.

“Os terroristas mais malignos não são as pessoas que constroem as bombas, e sim os líderes influentes que alimentam o ódio entre as massas desesperadas, incitando seus soldados a cometer atos de violência. Só é preciso uma alma sombria e poderosa para criar o tumulto no mundo ao inspirar a intolerância espiritual, o nacionalismo ou o ódio na mente dos vulneráveis.

Cabe então ao nosso querido Robert Langdon, sempre acompanhado de uma mulher bonita e inteligente, desta vez Ambra Vidal, a diretora do Museu e futura rainha da Espanha, a revelar a descoberta ao mundo. Mas isso pode ser uma tarefa complicada já que tem alguém muito disposto a impedir que isso aconteça.

Robert e Ambra vão contar com a ajuda de Winston, um software de inteligência artificial, cuja habilidade vai ajudá-los a escapar e a desvendar a misteriosa senha de 47 caracteres que é necessária para acessar o conteúdo da descoberta e divulgá-la para todos. Particularmente, achei Winston o personagem mais interessante, carismático e complexo do livro.

Com conspirações, perseguições e revelações já típicas do autor, desta vez somos convidados a explorar lugares icônicos da Espanha que serão palcos de fugas, assassinatos e epifanias do professor, como a igreja da Sagrada Família, o Palácio Real de Madrid, a Casa Milà, o Vale dos Caídos, só para citar alguns. As descrições precisas das obras, arquitetura e localização de cada lugar nos insere na história de tal forma que cria a sensação de estarmos nessa busca alucinante junto a Robert e Ambra.

“Permitir a ignorância é dar poder a ela. Não fazer nada enquanto nossos líderes proclamam absurdos é crime de complacência.”

Dan Brown também é mestre em usar referências literárias e do campo da arte, além de personalidades conhecidas, e inseri-las em suas histórias, tornando rica a narrativa. Neste caso, somos presenteados com referências à Igreja Palmariana, Gaudi, Gaughin, William Blake e até Winston Churchill. Percebe-se uma pesquisa meticulosa do autor que tem a habilidade de tornar algo tão “surreal”, palpável.

Com severas críticas à religião, a líderes mundiais, à imprensa (que hoje parece ter um papel mais especulativo que informativo), e com temas muito atuais, “Origem” promete ser tão “polêmico” como “O Código da Vinci”. E ouso dizer, que tão bom quanto também.

Diferente de “Inferno”, a narrativa aqui é mais otimista e deixa uma mensagem de esperança para a humanidade e seu futuro. Até porque, independentemente de crenças religiosas, a fé é o que move a humanidade.

“Mais importante, este museu deve celebrar a outra lição que a história nos ensinou: que a tirania e a opressão não são páreo para a compaixão… que os gritos fanáticos dos valentões do mundo são invariavelmente silenciados pelas vozes unificadas da decência que se erguem para enfrentá-los. São essas vozes, esses coros da empatia, da tolerância e da compaixão, que eu rezo para que um dia sejam cantados nesta montanha.”

Foto: Quim Vives/Divulgação

Marianne Wilbert

Jornalista, pós-graduada em mídias digitais.
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