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Coluna Literária

[Coluna literária] “A Arte do Descaso” – Cristina Tardáguila

No Carnaval de 2006, cinco obras foram roubadas do museu da Chácara do Céu, em Santa Teresa (RJ). Um Dalí, um Matisse, um Monet e dois Picassos, que juntos somavam mais de 10 milhões de dólares na época. Passados mais de dez anos, ninguém sabe onde as obras foram parar e nenhum suspeito foi preso. O livro é o resultado da investigação da jornalista Cristina Tardáguila sobre o fato que, de acordo com o FBI, é considerado um dos dez maiores casos de roubo de arte do mundo.

O livro conta com os depoimentos dos visitantes e funcionários que foram feitos de refém, uma breve descrição de cada obra roubada, além de relembrar outros roubos de obras de arte de grande repercussão, o ponto de vista de especialistas nestes tipos de caso e até o perfil dos ladrões neste tipo de crime.

A jornalista também conversou com a diretora do Museu e equipes do Ministério Público Federal, da Polícia Federal, da Justiça Federal e do Instituto Brasileiro de Museus para saber como andavam as investigações e quais hipóteses foram trabalhadas no caso.

Tardáguila chegou a viajar para Amelia, na região da Úmbria – Itália, onde é realizada a conferência da Arca (Association for Research into Crimes against Art), um dos maiores eventos do mundo sobre roubo de arte. Lá ela conheceu Noah Charney, fundador da entidade que reúne profissionais das mais diversas áreas para debater sobre crimes cometidos contra patrimônios históricos. A autora também conversou com Charles Hill, o homem que ajudou a fundar a Unidade de Arte da Scotland Yard e teve acesso ao FBI e ao trabalho dos Carabinieri, tornando a leitura ainda mais rica ao informar um pouco mais sobre como são feitas as investigações nesses tipos de caso e apresentar a visão de fora de especialistas na área.

Com um trabalho minucioso, a obra acaba sendo um retrato do descaso de como o crime foi tratado no Brasil e um convite para que não mais negligenciem o caso. “Então concluí que este livro havia encontrado seu destino sozinho. Em vez de thriller policial sobre a recuperação de cinco pinturas roubadas de um museu carioca em pleno Carnaval, havia se transformado numa espécie de manifesto. Um convite às instituições brasileiras para que, finalmente, acertem o passo e consigam fazer justiça, recuperando obras que precisam – urgentemente – voltar ao convívio do público, exibindo toda a sua preciosidade. Caros senhores, o Brasil merece.”

 

Marianne Wilbert

Jornalista, pós-graduada em mídias digitais.
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