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Entrevistas

“Apostas encerradas: o breve Império do Cassino Quitandinha”, por Flávio Barreto

Foto: Marianne Wilbert

“12 de fevereiro de 1944. Dois mil convidados participam da festa de inauguração do Quitandinha, o monumental hotel-cassino de Petrópolis, o maior da América Latina”. Com essas frases o autor e jornalista Flávio Menna Barreto dá início a obra que conta a história do Hotel Quitandinha, um projeto construído por Joaquim Rolla para ser um dos maiores empreendimentos de Petrópolis.

“Quando eu era criança ia muito ao Hotel Quitandinha com a minha avó, que tinha o título de sócio-proprietária, e já ficava fascinado”, disse Flávio.

Porém, o interesse em escrever sobre a obra surgiu anos mais tarde quando ele já trabalhava no jornal “O Dia” e tinha que fechar uma página . “Precisava de uma matéria e lembro que entre 1996 e 1997  aconteceu uma discussão em Brasília para reativação do Cassino e assim tive a ideia de falar sobre o Quitandinha. Na ocasião, conheci um senhor chamado João Gomes, que tinha fotos da construção do Hotel. Através dele fiquei sabendo sobre a ideia do Joaquim Rolla de ter imaginado em volta do Palácio, uma cidade. Ele realmente era empreendedor”, contou.

Matéria publicada e premiada, despertou o interesse do jornalista em resgatar a história do local em um livro. “Ali eu pensei: um dia vou escrever mais sobre o cassino”.

Posteriormente, em um período de transição profissional ele começou a pensar no que fazer da vida.  “Sei que a cidade tem muita história e não têm muitos livros para contá-las”, afirmou.

Segundo Flávio, o projeto inicial era fazer um livro e um documentário, mas o patrocínio só cobria uma parte. “Quando comecei a apurar já tinha a base da história do José Gomes, que na época descobri que tinha falecido, mas a família me ajudou muito”, relatou.

Para a apuração ele precisou fazer viagens ao Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Brasília. Entre os entrevistados, participaram a viúva de Rolla, que mora na Gávea no Rio de Janeiro. “Ela me forneceu algumas fotos e contou que, quando conheceu Joaquim, o Cassino já não funcionava mais”. A vedete Virgínia Elani era uma das principais atrações do local e também foi entrevistada. “Ela mora em Piraí, me atendeu em um restaurante, vestida como se fosse se apresentar”, lembrou.

O livro

A obra conta com fotos desde a construção até os bailes e as pessoas que passaram pelo Hotel nos dois anos em que funcionou. “O lado mais rico foi entre a construção e o funcionamento do Cassino. O que mais me impressionou foi que o Rolla investiu cerca de US$ 15 milhões o que hoje seria cerca de R$ 200 milhões. Tudo isso em plena Guerra Mundial (a 2ª Guerra Mundial ocorreu de 1939 a 1945)”, explicou.

Flávio conta que Rolla era um cidadão mineiro de pouquíssima instrução e apesar disso tinha uma visão para negócio fantástica. “Ele já pensava o turismo como uma atividade lucrativa. Era um cidadão simples, mas tinha exigência com luxo e atendimento. Imaginava um fluxo muito grande de pessoas. Em volta ele criou um espaço para duas mil casas, um mega centro esportivo, mas o jogo era o principal assim como os shows. Havia uma frota de veículos de luxo a disposição dos hóspedes. Rolla imaginou um misto entre Las Vegas e a Disney”.

O livro também conta com uma versão em inglês.

O Decreto de Eurico Gaspar Dutra

Em 1946 o então presidente da República Eurico Gaspar Dutra decretou o fim dos jogos de azar no Brasil, sob o argumento de que o jogo é degradante para o ser humano. Com a decisão, o que era o carro chefe do Hotel Quitandinha foi suspenso. “Apesar do decreto, Rolla achou que conseguiria viver apenas do turismo, mas não deu certo. Em 1950 ele começou a vender os apartamentos, até vender todo o prédio”, revelou.

“Em 30 de abril de 1946, três meses depois de assumir a presidência da República, Gaspar Dutra assina o decreto proibindo o jogo no Brasil. Era o fim do giro das roletas, principal fonte de financiamento daquela estrutura colossal. O ato de Dutra também encurtou os dias de glamour vividos no Cassino”, cita Flávio no livro.

Conclusão do autor

“Pensei que seria mais um livro sobre o cassino, mas nenhum tratava especificamente do Quitandinha, o que foi uma surpresa. Em plena guerra, onde havia escassez de tudo vem um mineiro simples com uma visão de negócio e constrói o Hotel”, comentou.

Flávio ressalta que a história do Hotel não se esgota. “Tem muito mais coisa para contar e eu penso em escrever o segundo livro. Não sei se seria mais voltado para a obra ou uma ampliação da primeira publicação”, revelou.

A riqueza da publicação pode ser encontrada nas principais bandas da cidade.

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