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Crônicas

Observações de uma petropolitana: memórias de uma velha jovem de 22 anos

Acordei e já era 2013.

Liguei o rádio, mas quem ouve rádio hoje em dia? O que ouço são ruídos muito semelhantes e agitados que não consigo distinguir. Perdi a vontade de acompanhar as novidades neste sentido. Minha última empreitada tentando me atualizar foi aprender a dançar Ragatanga e a última coreografia do É o Tchan, que voltou, mas parei no tempo da Carla Perez (ok, confesso! Sheila Mello).

Sinto fome, vou até a cozinha para comer Trakinas, mas o gosto não é mais o mesmo. Talvez tenha mudado porque não é mais a melhor hora do dia: a da merenda (alguém ainda fala isso?) com os amigos. Ou talvez seja só a farinha integral, acabando com o aquele gostinho bom que tinha…

As amigas que via todos os dias na escola, com quem compartilhava todos os grandes segredos típicos desta fase, tornaram-se mulheres com quem mal troco um “oi, tudo bem?” quando por causalidade do destino as encontro na rua. Muitas inclusive voltam a frequentar a escola agora passivamente, observando seus filhos que iniciam esta etapa da vida.

As preocupações mudam de “esconder o boletim dos pais” para “fugir das contas” que só se acumulam… O valor do dinheiro muda. Se antes éramos ricos com 100 reais que recebíamos no aniversário, agora temos que batalhar muito por uma notinha azul, aliás, mais de uma para poder arcar com as cervejas de todo final de semana.

Os namorinhos inocentes que duravam séries, eternizam-se na gente como memórias e vão dando lugar a uma série de relacionamentos conturbados e a amores eternos que não passam de meses. A noção do tempo muda. O eterno começa a passar mais rápido.

As roupas que você usava há uma década são hoje consideradas retrô e você começa a ter que rolar a barrinha do ano de nascimento ao preencher algum cadastro em sites. Você não consegue sair sem levar o celular, e pensar que há uns anos sua maior preocupação era não esquecer de alimentar seu tamagotchi…

Se seu maior luxo era poder acessar por 1h a internet discada durante a semana, agora é conseguir comprar um kinder-ovo com o que sobrou do seu salário.

Você passa de flogão p/ Instagram, de blog com templates fofos para tumblr e as guloseimas que você gostava, já não fabricam mais. Só o Trakinas que continua no mercado com um novo ingrediente, provando que embora por fora continue o mesmo, sua essência mudou. Ao contrário de nós…

As opiniões contidas não representam a opinião do site; a responsabilidade é do autor da publicação.

Marianne Wilbert

Jornalista, pós-graduada em mídias digitais.
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