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Crônicas

Comércio aos domingos? As farmácias e as sapatarias de todo dia

Semana passada foi anunciado que o comércio de Petrópolis, a partir de novembro, vai abrir também aos domingos. A maioria das matérias sobre o tema ressaltavam três pontos:

1- a necessidade da abertura para impulsionar as compras de Natal.

2- a tentativa de atrair turismo, principalmente para a Rua Teresa.

3- a reclamação dos trabalhadores do comércio.

A pergunta que me veio à cabeça, logo que li a notícia foi: “Que comércio vai ficar aberto? Para quem? Qual o interesse por trás disso?”. Ora, levando em conta os três fatos levantados acima podemos perceber que a abertura do comércio é uma decisão localizada para um período, ou seja, as vendas do Natal, voltado para um público específico – o turista – e que nada tem a ver com a cidade em si, talvez por isso a reclamação dos trabalhadores.

O comércio em Petrópolis é estranho, basicamente conhecido pela dupla – farmácia e sapataria – fazendo de nossa cidade a que contém mais pés e doentes do Brasil (quem sabe, também, pés doentes). A existência dessas duas pontas revela uma peculiaridade de nosso povo: a tendência ao óbvio, a reafirmar o que já existe. Não há empreendedorismo, risco ou busca pelo novo ou pelo diferente. Farmácias e sapatarias sempre são bem-vindas porque, como se sabe, é isso que funciona e, justamente por isso, faz sentido que só isso exista. Pelo menos essa parece ser a mentalidade.

Quanto à Rua Teresa embora frequentada também pelos moradores, tem viés basicamente turístico. Não que haja algum mal em estimular o turismo ou buscar algum incentivo para esse tipo de consumo, mas creio que a saúde da cidade, ou seja, sua capacidade de crescer e almejar melhorias está na força que contém como economia interna, de si para si, então estimular o comércio para os moradores é, também, estimular para o turista: o que interessa a um, interessa a todos, afinal todos somos pessoas e consumidores.

Dizer que o comércio vai abrir aos domingos, e talvez seja esse o motivo de reclamação dos comerciantes, é dizer que vão abrir lojas de roupas, farmácias e sapatarias. E só. E isso é estranhamente assustador. Fico tentando decifrar quem é exatamente o consumidor de Petrópolis e o que precisamente ele quer em sua cidade. Parece-me, mais uma vez, que ele quer que sua cidade permaneça um deserto desabitado e sem povo, visitado apenas por turistas que consomem nas zonas nobres sem “povoar” as ruas.

Não sei se isso é patológico, mas muito me estranha imaginar que em um domingo quando penso em fazer alguma coisa me aparecem apenas duas ou três opções, todas elas envolvendo cultura ou cerveja. Ainda bem.

luizLuiz Antonio Ribeiro é dramaturgo, letrista, crítico, poeta e flamenguista. É bacharel em Teoria do Teatro pela UNIRIO, onde atualmente é graduando do curso de Letras/Literaturas. É adepto da leitura, pesquisa, cinema, cerveja e ócio criativo. Desde 2011 é membro do grupo Teatro Voador Não Identificado. Facebook: http://www.facebook.com/ziul.ribeiro
Twitter: http://www.twitter.com/ziul

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4 Comentários

  1. o problema luiz antônio não é querer ver nossa cidade aos trapos e sim que nós comerciantes temos família, nós mulheres somos a maioria no comércio e o único dia pra família seria o domingo, uma vez ou outra trabalhar não vai nos matar o problema é todos os domingos entendeu!!!!

  2. A cidade de Petrópolis tem de estar viva e animada nos fins de semana, que é quando os turistas vêm para cá. É uma tristeza vê-los andando pelas ruas desertas, com as grades das lojas arriadas. Só padarias e restaurantes abertos. Flores, impossível de encontrar. Por que os comerciantes não criam um “domingo no meio da semana”, para substituir o domingo de fato? Uma quinta feira, por exemplo. Fechava tudo aqui, e o pessoal ia pro Rio curtir praia no meio da semana. A cidade precisa da alegria do povo, e não de carros tocando funk a todo o volume, de cinco em cinco minutos, ou motocicletas sem silenciador assustando os pedestres. Parece que não existe autoridade nesta cidade… Outra coisa que os comerciantes deveriam exigir é o retorno das linhas diretas de ônibus entre o Meneses Cortes, no Rio, e a antiga rodoviária no Centro da cidade. Por que isso não é considerado mais “possível” Alguém quer acabar com a cidade?

  3. Olá, Claudia. As segundas também não se abre depois de 14h ou 15h? Quando cheguei aqui ouvi dizer que tinha uma tal “semana inglesa” acho que esse é o nome que se dá. Por que não se pode deixar de abrir essas horinhas na segunda e ser o dia para passar com a família do que no domingo, quando muitas pessoas de outras cidades tem seu tempo livre para passear e fazer compras em Petrópolis? Prefiro mil vezes ver o domingo movimentado com pessoas andando nas ruas e movimentando a economia do que uma cidade deserta, sem vida. Para onde vai esse povo todo que durante a semana enche de vida a cidade andando para lá e para cá na cidade? Quem sabe os petropolitanos não vão gastar seu dinheiro em outras cidades como o Rio? Não é não? Abrir as lojas no domingo movimenta a cidade tanto no setor econômico como de turismo, onde os cariocas por exemplo que estão nas pousadas para o fim de semana podem passear pela rua teresa e comprar? Eu não entendo o ponto! Aqui em Petrópolis tem uma burrice que se chama conservadorismo. Onde as pessoas parecem que fazem cara feia para turistas, quando são eles que sustentam a economia por um período do ano. Achar outros meios para fortalecer a economia interna, show de bola, mas economia interna também não seria gerar empregos para costureiras, vendedores, estampadores, bordadeiras, etc?

  4. Infelizmente tem muita gente mal informada quanto aos domingos na rua Teresa, não deve andar aqui em Petrópolis, pq a mais de 10 anos que o comércio da rua teresa foi liberado p/ funcionar aos domingos, cada proprietário decide se quer ou não abrir, o problema é que alguns empresários querem abrir domingo e não querem dar folga, eu trabalho um domingo sim e um não, tiro minhas folgas e nunca reclamei. Mas o turismo em Petrópolis não é estimulado, todos os meus clientes reclamam disso, são multados e agora mesmo pagando tem um limite de tempo p/ ficar na vaga, chega a ser ridículo.

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