Concer: Comece pela segurança
Concer: Comece pela segurança
Crônicas

[Todo mundo tem uma história] De amor não correspondido…

No ano passado, presenciei uma cena que imagino ser a realidade de muitas pessoas. Muito mais que o fato de ser um amor não correspondido, vi naquela menina [no desenrolar da história vocês entenderão] um ato de mendigar amor.

Na ocasião, passei  50 minutos no ponto esperando o ônibus que me deixa na porta de casa, estava com muita pressa porque tinha que finalizar um projeto da pós, mas sempre acredito que  algo  justifica, quando um imprevisto acontece.

No ponto conheci uma menina muito doidinha, falante e, certamente, mais ansiosa que eu [se é que isso é possível]. Entramos no ônibus e não tinha lugar, o que era para ser, imagino.  Fiquei em pé,  de frente para um casal. Eles conversavam, conversavam e, de repente, ela falou algo [que não consegui ouvir] que o desagradou. Então só a escutei  dizendo “Poxa, mas você já vai ficar assim [sério]? Nós acabamos de voltar”. Ele não respondeu, continuou olhando para a frente, ouvindo música com os dois fones de ouvido [mesmo que uma pessoa queira ouvir música, quando está com outra, ela tira pelo menos um dos fones do ouvido] e, de vez em quando, fechava os olhos. Ela se colocava de lado na poltrona e olhava para ele, com os grandes olhos azuis, com uma expressão marcante de quem queria ouvir algo que lhe acalmasse. Ela parou, pegou um celular novo que parecia ter acabado de comprar, mexeu um pouco, depois guardou. Segurou o braço dele, que nem se moveu, tentou pegar a mão dele, mas ele não permitiu tal aproximação. Ela continuava olhando com ar de desespero. Tempos depois me distraí com uma janela aberta e quando olhei de volta eles se beijaram. Aquele beijo frio, que só ela queria.

Me deu vontade de dizer “Hey, se olha no espelho! Você é uma menina bonita, só pela camisa dá para ver que é religiosa e pela feição que é uma garota de família [mas acho que isso já não importa mais no século 21). Não mendigue amor! Ele não tem carinho por você e não quer nem a sua mão, nem seu braço e menos ainda o seu beijo e isso, pode ter certeza, não é o fim do mundo!”. Acho que disse no pensamento, mas tive que me conter a simples posição de ouvinte e observadora alheia.

Aquela situação me incomodou e me fez pensar no quanto o amor é algo espontâneo, que acontece quando a gente menos espera. Quem ama cuida, sorri junto, beija com vontade, dá a mão com tanta força que não quer soltar, nem nos dias mais quentes quando começa a suar muito. O amor não se pede, se conquista. E, insistir em um amor que não existe, faz mal para a alma.

Esse momento também me lembrou uma pessoa, que havia saído do Rio de Janeiro e ido para Vitória (ES), sozinha, sem avisar a família, atrás do ex-noivo que a abandonou. Quando ela chegou, ele não estava mais em Vitória, e ela, estava perdida, meia noite em um aeroporto, em um local desconhecido, sem saber o que fazer. Ela me ligou só para ouvir que tinha cometido uma loucura e precisava se tratar! Mendigou um amor que provavelmente nem existia.

E ainda, um ex-namorado de uma conhecida, que mesmo depois de um tempo separados e, depois de todo o mal que fez a ela, implorou para que ela voltasse. A diferença é que ela encontrou o verdadeiro amor, que trouxe estabilidade, segurança, e é tudo o que ela sempre sonhou na vida. O ex, ao perceber isso, se desesperou. Mandou uma música para ela, falou coisas que nunca havia falado antes. Mendigou um amor que não existia mais, que se perdeu no tempo, que a fazia mal.

Nestes casos, é possível perceber que o ato de mendigar amor é, sem dúvidas, o mais humilhante ato que alguém pode se submeter. E, para evitar uma atitude como esta, eu aconselharia a essas pessoas que olhassem no espelho as qualidades que possuem, mas não só as físicas. A alma tem qualidades incomparáveis que diferenciam uma pessoa da outra e a torna especial.

Botão Voltar ao topo
error: Favor não reproduzir o conteúdo do AeP sem autorização ([email protected]).