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Crônicas

[Todo mundo tem uma história] Do dia de São Cosme e São Damião para contar

Das melhores e mais gostosas lembranças da minha infância estão as do dia 27 de setembro: Dia de São Cosme e São Damião.

Quando era criança, o calendário da minha casa tinha algumas datas especiais que eu mesma marcava. Todo ano esperava ansiosa pela Páscoa, pelo dia de São Cosme e São Damião, dia das crianças e, é claro, o Natal.

De todas as datas comemorativas, o dia 27 de setembro era a mais esperada do ano, não só pelo fato de sair para pegar bala na casa dos vizinhos, mas porque a data representava todo um ritual de preparação. No dia anterior, eu e minhas primas dormíamos todas juntas, éramos cinco, e logo cedinho acordávamos, pegávamos nossas mochilas e saíamos caminhando pelo bairro catando balas.

Era uma correria quando avistávamos uma casa em que estavam entregando doces. A nossa vontade de juntar saquinhos desconhecia os limites do nosso corpo tão frágil. Em algumas situações, era necessário voltar em casa para deixar os doces que havíamos pegado, para continuarmos nossa aventura, pois a mochila não suportava a quantidade de doces e nós não aguentávamos as dores nas costas, por conta do peso.

Não tínhamos o pecado da gula, o famoso “olho grande”, mas passávamos o dia na rua catando balas pela festa, pelo prazer em correr e disputar com outras crianças, pois no dia seguinte, quem juntava mais saquinhos “tirava onda” na escola.

Andávamos tanto, mas tanto, que no dia seguinte nem conseguíamos estudar direito, de tanto cansaço. Depois de catarmos uma quantidade considerável de doces, que dava para comer pelo resto do ano, as mais variadas guloseimas eram colocadas na mesa e íamos trocando de acordo com o gosto de cada uma.

Todo saquinho de São Cosme e São Damião que se prezasse tinha que conter maria-mole, paçoca, mariola, pé de moleque, suspiro e pirulito do Zorro. Ah! E claro, também tinha o “cocô de rato” que nem era tão gostoso, mas tinha quem disputasse a quantidade arrecadada.

O mais engraçado era que algumas crianças tentavam burlar o “sistema” de entrega de balas. Volta e meia aparecia um dizendo que ia pegar mais um saquinho para o irmão pequeno que estava em casa. A pessoa que entregava doces não acreditava e pedia para fila andar mais rápido. Tempos difíceis…

Quem nunca passou por um fila enorme para catar bala e quando na sua vez, com a mão esticada chegando quase lá, ouviu a pessoa dizendo “Acabou” não sabe o que é tristeza de verdade.

O dia de São Cosme e São Damião era mais que um dia de pegar balas, era o nosso dia de confraternização, de brincadeiras, de partilharmos os doces e aproveitar para celebrarmos a nossa união.

Saudades dos tempos da infância….

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