Concer: Comece pela segurança
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Crônicas

A grande virada (?)

por Julian Tamancoldi Probst

É, mais um ano se passou.

A Terra está finalizando mais uma volta completa em torno do sol.
Tantos partiram, tantos chegaram, sorrimos com as conquistas e lamentamos as derrotas.
Provavelmente, coisas boas e ruins bateram à nossa porta, como é normal que aconteça, já que ninguém é imune a problemas e ninguém é totalmente infeliz que não possa ter tido um segundo que seja de alegria.

Há uma semana, o Natal nos fez, ainda que rapidamente, olhar para dentro de nós mesmos, para encontrar no íntimo um pouco de compaixão para ofertar ao próximo.

Em algumas horas, os fogos de um novo ano nos inundarão de esperança e, automaticamente, uma série de promessas começarão a povoar nossas mentes. É incrível o que nos causa mudar a folhinha do calendário de dezembro para janeiro.
Vai ter quem vista branco em busca de um ano repleto de paz, quem pule sete ondas, quem prometa algo para conquistar um objetivo, quem coma caroços de romã, enfim, são muitos os rituais em prol de dias melhores.

Na noite do dia 31, quando os ponteiros de hora e minuto do relógio se encontrarem no número 12, teremos quilos de otimismo para dar e vender.

O grande desafio, entretanto, será chegar ao dia 05 de janeiro com a mesma força de vontade. Complicado será, já de roupa comum e sem champagne no sangue, com a vida voltando ao normal, arregaçar as mangas em busca das metas a que nos propusemos na virada. Isso porque, para nosso desapontamento, nada mudará por encanto em razão do ano 14 do século XXI ter se tornado 15. É assim que funciona. Mudanças, quaisquer que sejam elas, requerem esforço e dedicação.

Se quero perder peso e ter uma vida mais saudável, infelizmente terei que me desapaixonar de frituras, refrigerantes e chocolate. Se quero mudar de emprego, tenho que assumir o risco que isso implica. Se quero aprender inglês, tenho que mergulhar em livros, seriados e conversações da referida língua. Se quero deixar de fumar, nada mais propício do que lembrar e relembrar com toda força do mundo que não quero continuar torrando dinheiro para prejudicar meu pulmão. Isso tudo é quase banal dizer, mas é assim que funciona. Os cientistas ainda não inventaram um jeito de fazer um upload do computador direto para a mente, para que se possa aprender habilidades ou largar vícios de forma instantânea.

E nem adianta lamentar que até hoje não fiz regime, não aprendi inglês, não mudei de emprego e não parei de fumar, pois ainda dá tempo. Só muda quem segue em frente, pois do passado só devemos reter as lições, nada mais. Não caminha quem se culpa.

A vida é uma conquista diária. Se queremos paz, deveremos fazer algo para merecê-la. Se queremos melhorar algum traço de nossa personalidade, deveremos evitar tudo aquilo que possa causar nossa queda. Falar sobre a renovação é importante, mas, se não deixarmos que as ideias desçam do cérebro para o coração e que depois escorram para as mãos, fatalmente teremos a non grata companhia da frustração. Se tanta gente consegue tanta coisa, por que seria diferente conosco? E aqui não me refiro a conquistas meramente materiais. Falo de fazer a diferença positiva para nossos núcleos de convivência e para as pessoas que nos cercam, não por nenhuma imposição religiosa, mas por já sabermos os benefícios das boas ações para nós mesmos e, consequentemente, para a sociedade.

Em 2015, desejo que eu possa – e você também – separar mais tempo para o que é realmente importante. Quero caminhar, jogar conversa fora com os amigos e ver o mar mais vezes. Quero ler mais livros, comer mais frutas e verduras, cantar mais canções, partilhar meus dons com quem precisar de algo que eu possa oferecer. Quero dar mais atenção a um parente difícil, quero sentir mais o cheiro das flores, quero menos smartphone, facebook e whatsapp. Quero olhar as pessoas nos olhos, quero telefonar para elas em seus aniversários. Quero ser melhor em vários aspectos, mas sem que a ansiedade consuma minhas energias. Quero ser mais grato pelo que tenho, e nem é preciso enumerar os problemas da humanidade para concluir que devo ter mais do que, pelo menos, um bilhão de pessoas. Quero, e querer é poder. Quero e vou correr atrás dessa versão melhor de mim. Quero, enfim, ao final de 2015, após mais 8766 horas, saber que fiz o melhor que pude para me tornar aquilo que hoje desejo ser. E se não der para cumprir isso tudo, não tem problema. Novos dias virão, sempre, e novos réveillons me farão querer isso tudo novamente.

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