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[Para & Pensa] O fim do mundo

por Daniel Martinez de Oliveira

Muitas vezes na história, vimos teorias e crenças que anunciavam o fim do mundo. Desde as profecias apocalípticas, daquelas feitas por Nostradamus, as mães Dináhs, entre outras pessoas e grupos, temos visto a noção de que um fim pode estar próximo a qualquer momento.

Vimos, por exemplo, a onda de misticismo que se espalhou quando do anúncio de que o calendário maia previa o fim dos dias na Terra. Mas, na verdade, nada mais era do que o encerramento de uma era e o subsequente início de outra. O pânico que o “surto” de 2012 causou em algumas pessoas não foi imaginário, pois levou a atitudes desesperadas diante de um fim iminente. Claro, certos setores de entretenimento exploraram a paranoia ao extremo.

Durante a Idade Média europeia, os movimentos milenaristas eram uma constante. Pregadores desgrenhados e desgarrados de suas terras caminhavam pelo continente a espalhar as novas sobre o arremate final. Não era de se espantar, uma vez que o fim parecia incrivelmente próximo, com todos os surtos de epidemias, as inconstâncias do clima e o imaginário fabuloso medieval.

Regredindo mais na história, inclusive no tempo de Jesus, os profetas do apocalipse pululavam por todos os lugares, levando aos mais recônditos vilarejos as palavras de aviso: “O fim está próximo”. Era uma realidade, uma constante naquele contexto sociocultural.

Nossas ondas de preocupação com o fim do mundo vêm surgindo de forma tão exagerada nos últimos tempos que, mesmo as noções que foram reproduzidas sobre o passado e muito do “pânico” sobre o fim do mundo têm sido exacerbados por historiados. Acabamos por imprimir mais de nossa paranoia “pós-moderna” a eventos que nem chegaram a ser vividos com tamanho furor pelos antigos. Faziam parte da visão de mundo deles, e não se colocavam como algo externo à sua lógica de pensar.

Passados tantos séculos, com toda a ciência a dar explicações sobre o universo, vira e mexe alguém anuncia um novo final. Será que ele está próximo? Eu, de minha parte, creio que possamos estar na iminência do fim, mas não o fim do mundo: tão somente o fim de uma era, a virada de um novo patamar. Algo mais sutil, com menos cara de Armagedom.

Pelo menos é a impressão que tenho quando vejo chegar um Papa socialista, quando roqueiros são de direita, os pobres decidem uma eleição e os ricos batem panelas vazias.

Daniel Martinez de OliveiraDaniel Martinez de Oliveira é graduado em história e mestre em antropologia pela UFF, onde também faz seu doutorado. Realizou pesquisas sobre a Umbanda, o Santo Daime e o Caminho de Santiago. É antropólogo e historiador do Instituto Brasileiro de Museus (IBRAM) e administrador substituto do Palácio Rio Negro (Petrópolis). Além de ser professor universitário, deu aulas de espanhol por mais de dez anos. Nascido e criado em Nova Friburgo, após três anos de trabalho no Museu de Arqueologia de Itaipu, em Niterói, adotou Petrópolis para trabalhar e viver com a família. É mochileiro de carteirinha e adora ler e escrever poesias.

 

 

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