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Coluna Literária

[Coluna literária] “O sol é para todos” – Harper Lee

“Você só consegue entender uma pessoa de verdade quando vê as coisas do ponto de vista dela.”

Após a Guerra de Secessão entre estados do norte e sul dos Estados Unidos em 1865, a escravidão foi abolida no país. Entretanto, os negros ainda eram vistos como inferiores, não tinham direitos e viviam à margem da sociedade. No fim dos anos 1950 e início dos anos 1960 surge então o movimento por direitos civis para negros que contou com grandes manifestações pelo país e teve Martin Luther King Jr. como líder, que pregava uma campanha de não violência e amor ao próximo. É neste contexto que Harper Lee escreve “O sol é para todos”, considerado um dos romances norte-americanos mais importantes do século XX.

“Antes de poder viver com os outros, eu tenho de viver comigo mesmo. A consciência de um indivíduo não deve subordinar-se à lei da maioria.”

Lee a escreveu nos anos 1950, mas a história se passa no início dos anos 1930, na fictícia cidade sulista de Maycomb. Atticus Finch é um advogado encarregado de defender o negro Tom Robinson, que é acusado de ter estuprado uma mulher branca. A história é narrada pela filha de Atticus, Scout, que é uma criança tentando entender o que se passa ao seu redor. Desta forma, boa parte da história é focada nas travessuras infantis, na rotina de Scout com seu irmão mais velho e seu amigo Dill, na curiosidade com o vizinho que nunca sai de casa, mas toda simplicidade de atos cotidianos são repletas de ensinamentos. Os diálogos entre adultos e as crianças são de uma doçura e sabedoria, que acredito que tenha sido este um dos motivos para tamanho sucesso da obra.

“Coragem é quando você sabe que está derrotado antes mesmo de começar, mas começa assim mesmo, e vai até o fim, apesar de tudo.”

Harper escreveu sobre um tema difícil, mas o abordou de uma forma singela, criando personagens cativantes e dosando muito bem os momentos de revolta com os de aprendizado. O mais impactante, contudo, é perceber o quanto “O sol é para todos” ainda é atual. Às vezes, deveríamos olhar o mundo sob a ótica de uma criança…

“Porque vocês são crianças e entendem. (…) – ele respondeu, indicando Dill com a cabeça. – Os sentimentos dele ainda não foram corrompidos. Quando crescer mais um pouco, não vai mais ficar mal e chorar ao ouvir certas coisas. Pode ser que ache as coisas meio erradas, digamos, mas não vai chorar, não quando ficar mais velho.”

A obra ganhou o Prêmio Pulitzer em 1961 e deu origem a um filme homônimo, vencedor do Oscar de melhor roteiro adaptado, em 1962.

Marianne Wilbert

Jornalista, pós-graduada em mídias digitais.
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