Quase seis meses desde a maior tragédia que atingiu Petrópolis, moradores da Rua Frei Leão e arredores, no Alto da Serra, ainda aguardam providências do poder público. O Morro da Oficina é onde ocorreu um dos maiores deslizamentos do dia 15 de fevereiro, tendo soterrado muitas casas e, infelizmente, levado mais de 90 vidas. Desde então, a situação não só no Alto da Serra, como também na Vila Felipe e Chácara Flora continua desoladora.
“Infelizmente derrubaram partes do muro da minha casa para retirar os corpos e depois de tira-los, nunca mais voltaram e nem falaram nada. Estamos desolados”, conta uma moradora da Rua Frei Leão.
“Eu não consegui viver meu luto ainda porque eu estava atrás de casa, atrás do aluguel social, algo que é direito nosso. Eles não estão fazendo favor. Quando aconteceu era para ser automático, porque você pagava o seu imposto e ‘ai da gente se não pagasse’, o carnê chegava todo ano. Eu ainda não consegui chegar no meu quarto, chorar e falar ‘agora cumpri minha missão, estou tranquila'”, relata uma mãe, que perdeu sua filha na tragédia de fevereiro.
Em nota, a prefeitura informou que “vem atuando nessas regiões desde fevereiro. Na última sexta-feira (29) foi assinado o contrato para o início das obras na escola da Escola Municipal Vereador José Fernandes da Silva, e projetos de contenção na Rua Hercília Moretti, no Alto da Serra. Na Rua Frei Leão, no Morro da Oficina, equipes da Comdep vem fazendo a limpeza das servidões e retirada dos escombros.”
O município diz ainda que “as obras de contenção na região estão ainda em fase de projetos e captação de recursos por parte da Prefeitura junto ao Governo Federal e a Caixa Econômica Federal. O mesmo acontece na Vila Felipe, onde a Prefeitura está retirando os escombros, contando inclusive com caminhões da Comlurb. As obras na região também estão em fase de projetos e captação de recursos junto ao Governo Federal e a Caixa Econômica Federal. Na Chácara da Flora, o governo do Estado já anunciou que fará intervenções no local.”
Contudo, nas fotos abaixo (registradas na Rua Frei Leão em meados de julho) é possível ver que o pouco que foi feito foi a limpeza para a liberação de vias onde transitam carros. Muitas famílias cujas casas ainda resistem nestes locais vivem num cenário de guerra, aguardando providências do poder público e temendo a aproximação do período de chuvas que está cada vez mais próximo.
