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Coluna Literária

[Coluna literária] “Sono” – Haruki Murakami

Como uma apaixonada por literatura, também sou incapaz de resistir a um livro bonito. Sim, um livro belo, que com sua capa dura, papel couché e ilustrações diferentes me desperte uma curiosidade e fascínio a ponto de me fazer comprá-lo. Como foi o caso de “Sono”, de Haruki Murakami.

Clique na imagem para ampliá-la e veja como é o livro por dentro
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Murakami é considerado um dos mais importantes autores da atual literatura japonesa. Sua obra foi traduzida para mais de quarenta idiomas e recebeu importantes prêmios, como o Yomiuri — que já foi concedido a autores como Yukio Mishima, Kenzaburo Oe e Kobo Abe — e o Franz Kafka Prize.

Neste conto, acompanhamos uma mulher que, de repente, não consegue mais dormir. Ela não se sente cansada, não tem nenhum problema de saúde, simplesmente não consegue mais ter sono. Enquanto seu marido e seu filho dormem, ela começa a ter um momento só dela, ininterrupto, que ela utiliza para ler e reler Anna Karenina, beber, comer, sair sem rumo, pensar…

“Após tomar essa decisão, deixei temer o fato de não dormir. Não havia o que temer. O importante era manter uma atitude positiva. ‘Estou expandindo minha vida’, pensei. (…) A decisão de assumir algo que não é considerado normal faz com que eu contraia uma dívida que, posteriormente, terei de pagar. A vida poderá me cobrar a parte que me foi dada, uma vez que eu a recebi adiantada. (…) Por mais que a vida seja longa, não vejo sentido em experimentá-la sem a sensação de estar viva. Agora eu via isso com total clareza. (…) ‘Essa é a minha essência’, pensei. Ao deixar de dormir, ampliei meu ser”.

O livro é breve, mas se estende numa narrativa que descreve esse tipo de sentimento que ela passa a experimentar por não dormir e suas atividades de madrugada. Embora tenha uma premissa interessante, para mim, o final deixou a desejar. Porém, como é a primeira obra de Murakami que leio, não posso afirmar se esse tipo de conclusão é uma característica do autor, provavelmente é, mas achei que ficou faltando algo.

Entretanto, as ilustrações da alemã Kat Menschik, as reflexões no decorrer da leitura e, claro, o primeiro contato com a literatura japonesa valeram a leitura.

Marianne Wilbert

Jornalista, pós-graduada em mídias digitais.
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