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Coluna Literária

Poetas em Petrópolis: Gabriela Mistral

Lucila María del Perpetuo Socorro Godoy Alcayaga nasceu em Vicuña, no Chile, no dia 7 de abril de 1889. Escrevendo sob o pseudônimo Gabriela Mistral, uma homenagem a seus poetas favoritos, a italiana Gabriele D’Annunzio e o provençal Frédéric Mistral, ficou famosa ao vencer o concurso de poesia Juegos Florales em Santiago, com Sonetos de la muerte, em 1914. Seu primeiro livro de poesia, Desolación, em 1922, incluía o poema “Dolor”, no qual falava da perda de seu noivo.

Além de colaborar nas reformas dos sistemas educacionais do México e Chile, foi cônsul chilena em Nápoles, Madri, Lisboa e Rio de Janeiro. Em 1945, quando morava em Petrópolis, foi a primeira latino-americana a ganhar o Prêmio Nobel de Literatura. Mais tarde, o feito seria repetido pelo guatemalteco Miguel Angel Asturias (1967), o também chileno Pablo Neruda (1971), o colombiano Gabriel García Márquez (1982) e o mexicano Octavio Paz (1990).

Quando foi cônsul chilena no Rio de Janeiro, conheceu Stefan Zweig. Eles foram apresentados pelo escritor Alfonso Hernandez Catá, com quem Zweig tinha uma forte amizade. Eles se encontraram novamente, também por causa de Catá, mas desta vez foi uma ocasião particularmente triste, presidida pelo chanceler Oswaldo Aranha – a homenagem póstuma ao diplomata Catá, que acabara de morrer em um terrível desastre aéreo em Praia de Botafogo. Zweig falou em nome dos escritores europeus e Gabriela Mistral em nome dos autores latino-americanos.

Educadora e diplomata, morou por vários anos em Petrópolis, fazendo amizade com vários escritores do país, como Cecília Meireles – com quem escreveu um livro -, Vinicius de Moraes, Mário de Andrade e Manuel Bandeira.

Quando Gabriela Mistral se mudou de Niterói para a Cidade Imperial, a amizade entre ela e Zweig cresceu e, durante a segunda viagem de Zweig à Argentina, ele conheceu vários amigos da poeta chilena, entre eles o escritor e jornalista Eduardo Mallea. Instalado em Petrópolis em 1941, Stefan e Lotte visitaram a poeta em sua casa, e ela também os visitou com seu sobrinho e sua secretária.

Mistral foi informada por telefone da morte dos Zweigs algumas horas após o suicídio, pelo escritor e diplomata Domenico Braga, um visitante frequente de Petrópolis e um amigo de ambos. Ela foi direto para a casa na Rua Gonçalves Dias a tempo de ver os corpos do casal ainda deitados na cama. Movida pela visão macabra, ela escreveu uma longa carta a seu amigo em comum Mallea, que era então editor do suplemento literário do prestigioso jornal argentino La Nación. Foi publicado na íntegra na edição de 3 de março de 1942. Ela também enviou uma crítica extremamente favorável ao livro de Mallea, que Zweig havia lhe dado algumas semanas antes. O relato do poeta fornece algumas das páginas mais adoráveis ​​e emocionantes escritas sobre a morte de Stefan Zweig.

Mistral morreu no Hospital de Hempstead, em Nova Iorque, devido a um câncer de pâncreas, em 10 de janeiro de 1957, aos 67 anos.


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Biblioteca Central Municipal Gabriela Mistral

Localizada no Centro de Cultura de Petrópolis, é considerada a 3ª maior e mais importante do Estado do Rio de Janeiro. Possui um acervo de cerca de 150 mil volumes. Criada em 1871, é detentora de um acervo de livros raros e antigos, além de uma midiateca, audioteca, uma preciosa coleção iconográfica, de periódicos, livros em Braille, livros didáticos, de leitura de lazer e das diversas outras áreas do conhecimento. Em seu setor de Arquivo Histórico, acham-se plantas dos palacetes, monumentos e casarões tombados, requerimentos, certidões de óbito e demais processos do Município, anteriores à época da instalação da prefeitura, em 1916, que teve como titular do cargo o médico sanitarista Oswaldo Cruz.

Confira uma poesia de Gabriela Mistral:

Ausência

Se vai de ti meu corpo gota a gota.
Se vai minha cara no óleo surdo;
Se vão minhas mãos em mercúrio solto;
Se vão meus pés em dois tempos de pó.Se vai minha voz, que te fazia sino
fechada a quanto não somos nós.
Se vão meus gestos, que se enovelam,
em lanças, diante de teus olhos.
E se te vai o olhar que entrega,
quando te olha, o zimbro e o olmo.Vou-me de ti com teus mesmos alentos:
como umidade de teu corpo evaporo.
Vou-me de ti com vigília e com sono,
e em tua recordação mais fiel já me borro.
e em tua memória volto como esses
que não nasceram nem em planos nem em bosquesSangue seria e me fosse nas palmas
de teu trabalho e em tua boca de sumo.
Tua entranha fosse e seria queimada
em marchas tuas que nunca mais ouço,
e em tua paixão que retumba na noite,
como demência de mares sós.

Se nos vai tudo, se nos vai tudo!

Fontes de pesquisa para esta matéria:

https://www.escritas.org/pt/t/10508/ausencia

https://casastefanzweig.org.br/agenda_en/s20.html

http://www.educacaopublica.rj.gov.br/biblioteca/literatura/0040_25.html

https://www.ebiografia.com/gabriela_mistral/

Marianne Wilbert

Jornalista, pós-graduada em mídias digitais.
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